Tijolaço
Algumas poucas
pessoas estranham a posição que assumi, defendendo a manutenção do
leilão do campo de Libra, o maior do pré-sal brasileiro – até agora, é
claro, porque as descobertas do pré-sal não acabaram e vão surpreender
muita gente.
Existem pessoas
contrárias, algumas por razões respeitáveis, outras por ingenuidade e
ainda algumas por nítido interesse em “deixar as coisas esfriarem”, para
evitar que uma oportunidade tão grande de lucros fique comprometida por
um “momento político ruim” para as petroleiras estrangeiras.
A primeira pergunta que se faz é: adiar o leilão para fazê-lo quando?
Daqui a alguns
meses, em pleno processo eleitoral? Daqui a um ano e meio, quando existe
a possibilidade – felizmente, cada vez menor – de termos um governo
menos cioso de nossas reservas petrolíferas, que afrouxe as regras
criadas por Lula e Dilma para a exploração do óleo com soberania e
benefícios sociais e entregue nossa maior riqueza?
Em três meses, ou
seis, ou doze, ou 20, as jazidas de petróleo de Libra, que os dados
roubados podem ter tornado do conhecimento dos EUA e de suas empresas
terão mudado de lugar? As condições geológicas, composição das camadas
de rocha, sua espessura, a presença de fraturas no solo, irão se
alterar?
Obvio que não.
Tudo que havia para saber e foi sabido pelos espiões vai permanecer exatamente igual.
Tudo, menos um fato
político evidente: as multinacionais americanas estão em posição
absolutamente defensiva. Não têm a menor condição política de serem
agressivas para vencer, têm muito poucas explicações para correr do
leilão, como que atestando que iriam a ele como criminosas detentoras de
informações furtadas e, flagradas, desistiram do “crime”.
A esta altura é
provável que os mesmos emissários do governo americano que lhe passaram
dados da Petrobras já tenham ordenado que “não se arrisquem a vencer” e
complicar a crise diplomática já suficientemente grave.
Se a Petrobras, a
despeito das dificuldades que lhe criou a ANP – aí sim, há um foco de
oposição à hegemonia da Petrobras sobre o pré-sal – já estava pronta
para disputar e vencer este leilão, para o qual se prepara há dois
anos, obsessivamente, mais ainda está agora, quando o Governo brasileiro
está politicamente calçado para tomar, como afirmou Dilma Rousseff em
nota oficial, “todas as medidas para proteger o país, o governo e suas
empresas”.
Haveria um outro
tipo de adiamento possível: transferir o leilão para….nunca! E outorgar,
por decreto, a exploração exclusivamente à Petrobras. Há esta faculdade
legal, embora qualquer um saiba que isso vai ser questionado
judicialmente até as calendas gregas.
Seria, inclusive
para mim, que defendo o monopólio integral do petróleo, uma maravilha.
Mas representaria outro risco que, honestamente, não creio que o Brasil
possa correr.
Nem vou falar,
outra vez, das necessidades de capital imensas que isso traria à
Petrobras que, sem Libra, já sustenta um plano de investimentos de mais
de US$ 280 bilhões nos próximos quatro anos.
Ter esta opção
significaria deixar o petróleo de Libra disponível para, amanhã, dar-lhe
um outro destino. E abrir caminho para revogar toda as regras de
proteção ao Brasil estipuladas na lei que Lula e Dilma fizeram aprovar, a
duras penas e com a obstrução do PSDB, DEM e outros
“situacionistas-oposicionistas”.
Temos o jogo ganho,
neste momento, para uma afirmação político-empresarial da Petrobras em
escala impensável há apenas uma semana.
Adiar significa
conceder uma “prorrogação” aos inimigos da Petrobras e do Brasil, para
saírem da situação de descrédito e desmoralização em que se encontram.
Não apenas para
Libra que, com a vitória da Petrobras, consolidará a aplicação da nova
lei em todas as outorgas de áreas petrolíferas já descobertas, mas para a
imensa área que a prudência técnica ainda não permitiu ser anunciada
também como parte do pré-sal brasileiro.
Com a espionagem, a
pirataria do petróleo está exposta nua e concretamente ante os olhos do
povo brasileiro. A hora é de aproveitar essa evidência e avançar.
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