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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, setembro 15, 2013

QUANDO A VOYAGER SAIU DO SISTEMA



Sonda Voyager 1 deixa Sistema Solar e chega ao espaço interestelar

Em uma disputa acadêmica que promete entrar para os anais da ciência, a NASA admitiu oficialmente que a sonda Voyager 1 deixou o Sistema Solar.
 
Lançada em 1977, agora a uma distância de quase 20 bilhões de quilômetros do Sol, a Voyager 1 é o primeiro objeto fabricado pelo homem a chegar ao chamado espaço interestelar, fora da zona de influência da nossa estrela.
 
Os dados indicam que a sonda espacial deixou a chamada heliosfera, a "bolha" de partículas carregadas e quentes que envolvem o Sistema Solar, entrando em uma região mais fria.
 
Os instrumentos da Voyager indicam que a densidade do plasma ao seu redor agora é consistente com as previsões teóricas sobre como deve ser o espaço interestelar.
 
Os dados coletados entre 9 de abril e 22 de maio deste ano indicam que a Voyager 1 está em uma região do espaço com uma densidade de elétrons de 0,08 por centímetro cúbico - os modelos descrevem o espaço interestelar com uma densidade entre 0,05 e 0,22 elétrons por centímetro cúbico.
 
Contudo, os dados mostraram leituras semelhantes desde agosto de 2012 - a conclusão final da equipe é que a Voyager 1 deixou o Sistema solar exatamente no dia 25 de agosto de 2012.
 
É aí que a controvérsia começa.
 
Controvérsia acadêmica
Em maio deste ano, Frank Mcdonald (Universidade de Maryland) e William Webber (Universidade do Novo México) publicaram um artigo afirmando exatamente isso, que a Voyager 1 deixara o Sistema Solar no dia 25 de agosto de 2012.
 
Surpreendentemente, a NASA veio a público e negou a alegação em nota oficial, na qual o cientista-chefe da missão, Edward Stone, afirmava que "é consenso da equipe científica Voyager que a Voyager 1 ainda não saiu do Sistema Solar e nem alcançou o espaço interestelar."
 
Não seria ainda o fim da polêmica.
 
Em agosto de 2013, outra equipe da Universidade de Maryland publicou um artigo revisando os modelos sobre a heliosfera e defendendo que a Voyager 1 saíra do Sistema Solar em 27 de Julho de 2012.
 
Novamente a NASA veio à carga, publicando nota que afirmava que a "Voyager 1 continua dentro da nossa bolha solar".
 
Agora, alguns meses depois, com a publicação de um artigo por seus "cientistas oficiais", com base exatamente nos mesmos dados, a NASA reconhece que a Voyager 1 realmente deixou o Sistema Solar.
 
Quem levará o crédito definitivo pela revelação da nossa primeira nave interestelar, isto só a história dirá.
 
(...)
Naves interestelares terrestres
A irmã-gêmea da nossa primeira sonda interestelar, a Voyager 2, foi lançada um pouco antes, mas ainda não saiu do Sistema Solar - a Voyager 2 foi lançada em 20 de agosto de 1977 e a Voyager 1 subiu ao espaço em 5 de Setembro de 1977.
 
Agora a Voyager 2 está a cerca de 15 bilhões de quilômetros do Sol, mas na direção oposta.
 
Além disso, devido a uma conjunção muito rara de planetas, que permitiram que a Voyager 1 pegasse diversos impulsos gravitacionais, ela viaja mais rápido - cerca de 61.100 km/h, enquanto a Voyager 2 segue a 56.300 km/h.
 
Como ambas são alimentadas por plutônio, elas terão energia para viajar por pelo menos mais uma década, quando então deixarão de transmitir dados e passarão a vagar pelo espaço.
 
As duas sondas levam discos de ouro com descrições do ser humano e da localização do Sistema Solar e da Terra, além de gravações de sons humanos, incluindo saudações em 60 idiomas. (Fonte: aqui).
Sobre os discos de ouro levados pelas duas sondas, pesquei no Google: 
As sondas Voyager 1 e 2 enviaram para o espaço um disco fonográfico (e a respectiva agulha) de cobre revestido a ouro, intitulado "Sounds of the Earth" (Sons da Terra), com 1.30 minuto, contendo 35 sons naturais (vento, pássaros, água etc.) e saudações em 55 línguas, incluindo portuguesa (de Portugal e do Brasil) Foram também incluídas músicas étnicas, obras de Beethoven e Mozart, e o clássico de rock'n'roll "Johnny B. Goode", de Chuck Berry.
O disco traz instruções de uso e a frase "For makers of music of all worlds and all times" (Para os fazedores de música de todos os mundos e todos os tempos). 
*jornalggn.com.br/noticia/voyager-1-sai-do-sistema-solar-e-chega-ao-espaco-interestelar
*dodomacedo 

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