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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, fevereiro 13, 2014

MST faz protesto com 20 mil contra o STF. Dilma recebe militantes nesta quinta

Manifestantes carregavam faixas que cobravam o julgamento do mensalão tucano. Pouco antes de tumulto entregaram carta-manifesto ao ministro Gilberto Carvalho exigindo reforma agrária


Fabio Rodrigues Pozzebom/abr
mst
Manifestantes estão em Brasília participando do 6º congresso nacional do movimento
Brasília – Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) fizeram manifestação hoje (12), na Praça dos Três Poderes. Eles derrubaram as grades laterais do Congresso Nacional, onde fica o Supremo Tribunal Federal (STF), e avançaram em direção ao prédio. Depois do tumulto, a presidenta Dilma Rousseff anunciou que receberá representantes do movimento na manhã desta quinta-feira (13).
Cerca de 20 mil pessoas participaram do protesto, de acordo com a polícia. Carregavam faixas com críticas à atuação do Poder Judiciário, como "STF, refém da Rede Globo". Também cobravam o julgamento do mensalão tucano e de casos de assassinatos de camponeses. Também criticavam o julgamento do mensalão, considerado por eles "de exceção": Uma outra faixa dizia: "Crime é condenar sem provas".
A tentativa de invasão do prédio aconteceu no momento em que os ministros do STF estavam reunidos no plenário da Corte. A sessão, presidida pelo vice-presidente, Ricardo Lewandowski, foi interrompida. “Fui informado agora pela segurança que o tribunal corre o risco de ser invadido. Vamos fazer um intervalo na sessão”, disse. A sessão foi retomada após 50 minutos.
A Polícia Militar (PM) reagiu à tentativa de invasão e houve confronto. Pelo menos um trabalhador sem-terra foi agredido e outro foi preso por agredir um PM. O MST reagiu jogando pedaços de paus e pedras e policiais responderam com bombas de gás.

Manifesto

Cerca de meia hora antes do tumulto, o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência, desceu do Palácio do Planalto para receber uma carta-manifesto pela reforma agrária que foi entregue por lideranças do MST. Carvalho avaliou como normal e válida a manifestação. Ele disse que não houve nenhum ato violento relevante.
Segundo o primeiro-tenente da PM, Mikhail Muniz, 12 policiais ficaram feridos no confronto e foram encaminhados para atendimento médico.
O protesto é uma marcha com o objetivo de cobrar mais rapidez na reforma agrária no Brasil. Os manifestantes entoavam gritos e exibiam cartazes, com mensagens como "Dilma, cadê a reforma agrária?", "Exigimos uma reforma política" e "Dilma, se liberte do agronegócio". A presidenta Dilma Rousseff não está no Planalto e cumpre agenda nesta tarde no Palácio do Alvorada.

6º congresso

Os manifestantes estão em Brasília para participar do 6º Congresso Nacional do MST, que começou segunda-feira (10) e vai até sexta (14), no ginásio Nilson Nelson, com representantes de trabalhadores de 23 estados e 250 convidados internacionais. Entre os objetivos do encontro estão um balanço da atual situação do movimento, a discussão de novas formas de luta pela terra, pela reforma agrária e por transformações sociais. Também são discutidos o papel político dos assentamentos e a participação da mulher e dos jovens no movimento.
Com informações da Agência Brasil
*RedeBrasilAtual

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