Folha mente sobre protesto do MST
Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Por Altamiro Borges
O jornal Folha de S.Paulo – o mesmo que apoiou o golpe militar de 1964
para derrotar a “república sindicalista” de João Goulart e que cedeu
suas peruas aos órgãos de repressão da ditadura – nunca gostou do
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Ele já publicou várias
editoriais e “reporcagens” contra o MST e acionou os seus “calunistas”
para ataca-lo – inclusive usando recursos públicos durante o reinado de
FHC. Nesta sexta-feira (14), a Folha obrou mais uma calúnia contra os
sem-terra. Afirmou que seus líderes incitaram a violência durante uma
marcha em Brasília. As cenas exibidas na TV, porém, mostram o inverso. A
polícia provocou os manifestantes e ainda foi salva por um cordão de
isolamento.
O objetivo do editorial da Folha é evidente. Visa satanizar o MST e
inviabilizar a reforma agrária. Para o jornal, o movimento é uma
“criança de 30 anos” que, “cada vez menos relevante, encontra nos
tumultos um meio de chamar a atenção de uma sociedade voltada para
outras causas”. Na visão da decrépita famiglia Frias, o MST possui
ideias “arcaicas”, “caráter arbitrário e pendor para o confronto”. Para o
jornal, porta-voz do velho latifúndio e do “moderno” agronegócio, não
há mais espaço para a reforma agrária no país. “O setor é um dos que
mais se moderniza no Brasil, ostentando seguidos saltos de
produtividade... O MST, a despeito disso, insiste numa reforma agrária
utópica”.
“Talvez por causa desse sinal de irrelevância o MST considerou
importante chamar a atenção por outros meios. Anteontem, em Brasília,
alguns de seus integrantes ameaçaram invadir o STF e provocaram tumulto
na praça dos Três Poderes. O grupo ganhou o noticiário, como decerto
desejava, mas não por suas ideias ou sua pujança. A organização já não
mobiliza como na década de 1990, e sua direção é cada vez mais refém do
próprio movimento, vendo neste um fim em si mesmo, e não apenas um meio.
Está na hora de o MST crescer, mas de nada ajuda que, um dia depois da
confusão, a presidente Dilma Rousseff tenha se reunido com líderes da
entidade”, conclui o rancoroso editorial.
O jornal da famiglia Frias sabe que mente sobre o “tumulto”. Até o
insuspeito Jornal Nacional da TV Globo mostrou que a polícia provocou e
agiu de forma desequilibrada e que os líderes do MST evitaram
consequências mais graves no incidente. O ódio estampado no editorial,
porém, tem outro propósito. A revolta é exatamente contra a demonstração
de força do movimento, que levou mais de 15 mil camponeses a Brasília,
reuniu lideranças políticas de vários partidos em seu sexto congresso
nacional, promoveu uma bela exposição dos produtos da reforma agrária e
definiu os próximos desafios do MST. Para coroar de êxito a iniciativa,
seus líderes ainda foram recebidos em audiência pela presidenta Dilma
Rousseff.
O episódio irrita a Folha, que não tem nada de “criança” – é uma velhaca reacionária, cada vez mais “irrelevante”!
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