Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, fevereiro 12, 2014

Ativistas dão ‘beijaço’ gay na Câmara contra Bolsonaro


override-if-required
Cinco militantes da União da Juventude Socialista realizaram nesta terça-feira um beijo gay na Câmara em protesto contra as pretensões do deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) de assumir neste ano a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Casa.
Sob lema de “mais amor, menos Bolsonaro”, elas se beijaram no corredor da Presidência da Câmara e houve bate-boca com o próprio deputado do PP, que apareceu no local.
A estudante de História Maria das Neves, 26 anos, classificou Bolsonaro de racista, homofóbico e “inimigo dos direitos humanos”. Ela disse ainda que sua eleição para o colegiado representaria um retrocesso para as minorias.
“Completamos em 2014 50 anos da ditadura militar e ele (Bolsonaro) é um representante da ditadura militar”, criticou Maria. “É desse período que queremos nos livrar”.
Pouco depois do ato, o deputado Bolsonaro foi ao local e discutiu com as ativistas. Ele falou com jornalistas pouco antes e disse que, caso seja escolhido para a comissão, não atuará em favor de minorias.
A ideia original das manifestantes era realizar o ato no Salão Verde da Câmara – local de passagem dos parlamentares que se dirigem ao Plenário -, ao final da reunião do Colégio de Líderes da tarde de hoje.
A segurança da Casa, no entanto, não deixou que as jovens ocupassem o espaço e o beijo gay ocorreu no corredor da presidência da Câmara. Maria também disse que outros militantes foram ao Congresso para participar da manifestação, mas seu acesso ao Salão Verde não foi permitido pela segurança.
A Comissão de Direitos Humanos foi alvo de polêmica no ano passado, quando foi presidida pelo deputado Marco Feliciano (PSC-SP), acusado de racista e homofóbico.
Durante a sua gestão, o colegiado aprovou diversas matérias que afetaram direitos de homossexuais, o que gerou revolta em entidades de defesa dos direitos humanos. Na troca de cadeiras das comissões prevista para o início deste ano, a presidência da Comissão foi pleiteada por Jair Bolsonaro, que chegou a dizer que, se eleito, os críticos de Feliciano iriam “sentir saudades” do deputado do PSC.

Enquanto isso..... A Indicação de Bolsonaro para Comissão de Direitos Humanos leva PT a impasse.



Com direito a presidir três colegiados na Câmara, partido se divide entre CDH e Seguridade Social, importante para a área de saúde. 'Ainda precisamos afinar a viola', admite líder petista Vicentinho.
Ele confirma que a negociação passa pela garantia de que a presidência da CDH fique com alguém alinhado à questão de direitos humanos, o que garantiria espaço para debates barrados ao longo de 2013, quando quadros históricos da área, como Nilmário Miranda, tiveram de se retirar do colegiado devido à impossibilidade de diálogo com Feliciano.
“No que depender de nós, o que posso afirmar é que nunca mais a CDH vai passar pelo constrangimento que passou no ano passado”, diz o deputado. Na prática, os petistas que trabalham pelo retorno à comissão de DH para as mãos do partido ficaram numa saia justa, diante dos argumentos apresentados no início da manhã. Numa espécie de salada de frutas, houve até quem tenha sugerido mais espaço nas comissões de Agricultura, de Educação e de Desenvolvimento Rural, e não na de Direitos Humanos. “Não dá para servir a todos ao mesmo tempo, alguma comissão o PT vai ter que sacrificar e entregar”, afirmou um integrante da sigla, ao final da reunião, diante de interesses tão diversos demonstrados pelos vários deputados.
A definição é importante para a escolha das composições das demais comissões, sobretudo para o PMDB. Partido que possui a segunda maior bancada da Casa, com 71 deputados, os peemedebistas já deixaram claro que querem ficar com a presidência da Comissão de Finanças e Tributação, outra também importante dentro do Legislativo. Na última semana, eles reconduziram o deputado Eduardo Cunha (RJ) à liderança da legenda. Em seguida, é a vez, respectivamente, da discussão sobre quais comissões ficará com o PSDB, terceira maior bancada, com 49 deputados; e com o PSD, quarta maior, com 48.

Nenhum comentário:

Postar um comentário