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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, fevereiro 12, 2014

    Dilma sobe o tom e critica oposição: ‘O fim do mundo chegou sim, mas para eles’

Em evento comemorativo dos 34 anos do PT, presidenta faz discurso mais direto, não poupa ‘aqueles que vêm fazendo previsões catastróficas para o nosso país’ e enumera erros de avaliação


Pescado da Rede Brasil Atual

São Paulo – A presidenta Dilma Rousseff fez na noite de ontem (10), na festa de 34 anos do Partido dos Trabalhadores, em São Paulo, um pronunciamento incisivo contra “aqueles que vêm fazendo previsões catastróficas para o nosso país”. Sem citar nomes de partidos ou lideranças da oposição, disse que o discurso pessimista vem dos “mesmos que há 34 anos diziam que era improvável construir no Brasil um partido dos trabalhadores, que disseram ser impossível um operário ser presidente, que mais adiante afirmaram que uma mulher não teria pulso para comandar”.

“Agora, antes mesmo de serem capazes de assimilar e avaliar a obra que realizamos, eles têm a cara de pau de dizer que o ciclo do PT acabou, que nosso modelo se esgotou. Essas declarações são dos mesmos que antes da posse de Lula anunciaram uma debandada gigantesca de empresários que sairiam correndo do país”, disse a presidenta.

O senador Aécio Neves (PSDB-MG), pré-candidato à presidência pelo PSDB, vem criticando a política econômica do governo Dilma, que, segundo ele, provoca um clima de desconfiança no país.

Em seu discurso Dilma continuou dizendo que os críticos de seu governo “são os mesmos que a cada crise internacional diziam que o Brasil ia afundar”. “E nós enfrentamos e vencemos todas as crises até agora. São os mesmos, esses pessimistas, que agora aproveitam alguns desequilíbrios típicos de uma conjuntura internacional muito difícil para todos os países para dizer que o fim do mundo chegou. O fim do mundo chegou, sim, mas chegou para eles e isso faz muito tempo”, ironizou.

De acordo com ela, “o fim do mundo começou” para os “pessimistas” e os que apostam em supostos equívocos da política econômica implementada no país nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) e no dela própria, “quando o destino do Brasil escapou por entre seus dedos”, depois de o país “ser governado para poucos como vinha sendo até então”.

A presidenta afirmou que os opositores “não entendem o acelerado processo de ascensão social que está em marcha em nosso país”, e enumerou uma série de ações dos governos petistas a partir do momento em que, segundo ela, “a riqueza nacional passou a ser investida verdadeiramente em favor da nossa população, da constituição de uma forte classe média e em favor dos mais pobres”.

Embora também sem citar nomes, o presidente nacional do PT, o deputado estadual Rui Falcão (SP), atacou o PSDB. “Quando dizem que o país precisa de algo novo, o algo novo deles é privatizar para se beneficiar, fechar os olhos para o cartel do Metrô e para carregamentos exóticos em helicópteros?”, disse, em referência à venda de empresas públicas promovida em várias gestões tucanas, às denúncias de corrupção no sistema de transportes paulista e à apreensão de cocaína no helicóptero do deputado estadual mineiro Gustavo Perrella (Solidariedade), aliado de Aécio.

De acordo com Dilma Rousseff, em 1980, quando o PT foi fundado, “o Brasil era um país imensamente desigual, sem rumo e sem esperança”.

Ainda sem mencionar nomes, a presidenta afirmou que, ao contrário do que dizem os que “teimam em não enxergar” os resultados de sua política econômica, o país está se desenvolvendo “sem abdicar dos nossos compromissos com a solidez dos fundamentos macroeconômicos”. Segundo ela, a dívida líquida do setor publico caiu de 42,1%, em 2009, auge da crise internacional, para 34% em 2013.

“E a dívida bruta, que tanto falam, como explicar que ela tenha declinado de 60,9% para 58,5% do PIB do inicio da crise em 2009 até hoje? Dessa maneira, nos transformamos em um dos países menos endividados do mundo, entre aqueles que têm grandes setores produtivos e são grandes economias”, disse Dilma.
Padilha

O ex-ministro da Saúde e pré-candidato ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha, que vem treinando o tom de sua campanha desde que deixou o governo federal, este mês, colocou o foco de seu discurso em ataques aos tucanos, que “governam São Paulo há vinte anos” e, mesmo sem se colocar como candidato, manifestou confiança na eleição: “O PT vai ganhar a eleição em São Paulo e vamos reeleger a presidenta Dilma”.

No sábado (8), ele iniciou em Ribeirão Preto a Caravana Horizonte Paulista, série de viagens a cidades do interior do estado para fazer articulações políticas, realizar encontros com empresários e com a militância do partido.

Ele afirmou que o PT precisa vencer a eleição para o estado “ganhar velocidade no crescimento, promover avanços na educação e ter coragem no combate ao crime organizado”.

Ao mencionar o grupo que comanda o Palácio dos Bandeirantes, Padilha disse que “depois de 20 anos os tucanos estão com a pilha fraca, a bateria descarregada e não acham o carregador”.

O ex-ministro dedicou boa parte de seu discurso de 20 minutos para falar da educação como prioridade num eventual governo petista. “O PSDB governa o estado desde o século passado e o ensino ainda não chegou ao século 21. O PT vai governar o estado e mudar a educação”, declarou.

Para Rui Falcão, o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), e Marina Silva, de um lado, e os tucanos, de outro, são “duas partes de um mesmo corpo, partes que eu chamo de neopassadismo e novo-velhismo”. “O neopassadismo quer trazer de volta alguns dinossauros que foram enxotados pela história, e os novos-velhistas acham que com seu discurso fácil vão governar o Brasil”.

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