Irã e Venezuela juram amizade eterna e desafiam imperialismo
Os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, juraram nesta segunda-feira amizade eterna, e reafirmaram sua aliança para "frear a loucura imperialista", durante a viagem do líder do país asiático pela América Latina, que também incluirá Nicarágua, Cuba e Equador. Recebido com honras militares, Ahmadinejad foi efusivamente abraçado por Chávez, que o chamou de "verdadeiro irmão". O líder iraniano afirmou que apesar dos "arrogantes", seguirá ao lado de seu colega venezuelano "para sempre". Chávez, por sua vez, exaltou o papel que os dois países têm na luta contra o imperialismo.
A proximidade de Caracas com Teerã irrita os Estados Unidos e seus aliados, que buscam isolar a República Islâmica por causa da sua recusa em abrir mão de atividades nucleares estratégicas. O Irã anunciou nesta segunda-feira que começou a enriquecer urânio num espaço subterrâneo, contrariando a pressão internacional, e no mesmo dia o governo local anunciou a condenação à morte de um americano-iraniano acusado de espionar para a Agência Central de Inteligência (CIA), numa notícia que deve causar ainda mais tensões entre Washington e Teerã.
"Essa é uma de nossas tarefas. Não queríamos que fosse assim, mas precisamos frear, frear, frear a loucura imperialista, que está maior do que nunca", afirmou o presidente da Venezuela em sua mensagem de boas vindas. A quinta visita de Ahmadinejad ao país sul-americano desde que Chávez assumiu o poder, em 2005, começou num momento em que a comunidade internacional pressiona o Irã em função de seu programa nuclear.
Os EUA pediram há alguns dias que os países que irão receber o presidente iraniano não aprofundem seus laços com o país. "Este não é o momento de aumentar os laços, tanto de segurança como econômicos, com o Irã", advertiu na sexta-feira passada a porta-voz do Departamento de Estado de EUA, Victoria Nalud.
Irônico, Hugo Chávez disse que "segundo os lacaios do imperialismo", Ahmadinejad está na Venezuela para lançar mísseis em Washington. "Nos acusam de belicistas. Mas não somos. O Irã não invadiu ninguém, a revolução islâmica não invadiu ninguém, e nem a revolução bolivariana invadiu ninguém", afirmou. "Seguiremos trabalhando juntos com a ajuda de Deus e o apoio de nossos povos e da maior parte dos povos do mundo, porque o mundo não quer mais guerra, não quer mais invasões e nem imperialismo", acrescentou Chávez.
O governante iraniano, por sua vez, chamou o presidente da Venezuela de "irmão" e de "símbolo da revolução da América Latina". "Hoje, o povo venezuelano e o povo iraniano, juntos, estão num caminho de luta contra toda a avareza dos arrogantes do imperialismo. O sistema hegemônico e dominante está em sua decadência. Eles estão muito mais agressivos e pisotearam todos os valores humanos", disse Ahmadinejad.
O líder afirmou ainda que a América Latina está desperta para lutar por seus direitos, e que a região "carrega a ferida e a cicatriz de tudo o que sofreu ao longo da história e dos séculos". Segundo o presidente do Irã, graças às relações entre os dois países, foram construídas cerca de 14 mil casas na Venezuela, e mais sete mil serão erguidas. Além disso, destacou a instalação de 26 fábricas no setor agrário.
Enquanto isso, a "comunidade internacional" segue preocupada com o anúncio de que as instalações nucleares subterrâneas de Fordo, no Irã, iniciaram a fabricação de urânio enriquecido a 20%. O Irã afirma que necessita do elemento a esse nível de pureza para fabricar combustível para um reator científico que produz isótopos usados no combate ao câncer. A Comissão Europeia anunciou nesta segunda-feira que está estudando fontes alternativas de abastecimento de petróleo caso o embargo às importações iranianas for confirmado.
Conhecido por suas declarações irônicas, o anfitrião disse que tem razão quem o acusa de ter bombas e canhões apontados para os EUA. "É para rirmos, mas para estarmos alertas também, nós certamente vamos trabalhar muito para umas bombas, para uns mísseis, para continuar fazendo uma guerra. A nossa guerra é contra a miséria, a pobreza ... essa é a nossa guerra", disse Chávez, dirigindo um olhar de camaradagem ao colega iraniano.
O presidente iraniano continuou a piada, afirmando que suas bombas estão cheias de amor pelos povos e pela liberdade. "Nós amamos todos os povos, inclusive o povo norte-americano, que sofre sob o domínio dos arrogantes", disse.
Portal Terra, com informações de agências internacionais
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