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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, janeiro 04, 2012


Vem aí o “Privataria”- II !



O programa Entrevista Record desta terça-feira, às 22h15, logo após o Heródoto Barbeiro, mostra entrevista que Luiz Fernando Emediato, dono da Geração Editorial, que lançou o “Privataria Tucana”, concedeu a este ansioso blogueiro.

Emediato tratava da possibilidade de sofrer alguma ação na Justiça e contou que nesta terça-feira mesmo conversou com Amaury Ribeiro Junior que lhe disse:

Quero acabar o livro.

Acabar, como ?, perguntou Emediato. O livro está pronto.

Não, respondeu Amaury.

Vou começar a escrever o Privataria II !

É que ficou muito documento de fora, e o Amaury quer divulgar tudo.

Emediato contou que, no início, Amaury pensou em editar o livro sem os documentos, porque o livro poderia ficar maçante.

Emediato ponderou que não: os documentos são exatamente a arma  mortífera do livro.

Sobre a aparente transferência ao PSDB a tarefa de processar a Geração e o Amaury, Emediato estranhou.

O livro não trata do PSDB.

A menos que eles se considerem donos da palavra “tucano”.

Por que o Cerra, a filha do Cerra, o genro do Cerra, o Ricardo Sergio de Oliveira, o cunhado do Cerra (Preciado), o Daniel Dantas e o sócio do Cerra (Rioli) não processam ?, pergunta-se o Amaury ?

Primeiro, porque os documentos são públicos.
Não há nada ali obtido de fonte sigilosa ou de forma ilegal.

E segundo, porque o livro começou exatamente com uma ação judicial do Ricardo Sergio de Oliveira contra o Amaury.

Amaury obteve “exceção da verdade” e teve acesso aos documentos da CPMI do Banestado.

Está tudo lá.

Estão todos lá.

Daniel Dantas, Naji Nahas, Ricardo Sergio – toda a privataria.

O ansioso blogueiro observou que colonistas (*) como Merval Pereira e uma outra do jornal Valor argumentam na mesma linha: que o livro não prova que a roubalheira tenha a ver com a privatização, ou a privataria, na feliz expressão de um dos colonistas (*) que chamam o Cerra de Serra: Elio Gaspari, o que usa múltiplos chapéus

Emediato se perguntou: por que cargas d`água o Carlos Jereissati haveria de depositar dinheiro na conta do Ricardo Sergio de Oliveira, não fosse pela privataria tucana ?

Por que cargas d`água a irmã do Daniel Dantas encheria a empresa da filha do Cerra de dinheiro, em Miami (em Miami !), a Decidir, não fosse pela privataria do Governo Fernando Henrique ?

Além do mais, a empresa de Miami tinha uma ninharia de capital e de repente a Decidir recebe um monte de dólares, aqui no Brasil …

O que ela vai dizer ?

Que quem lavou foi a Decidir e não elas, as donas, Verônicas Cerra e Dantas ?

O Fernando Henrique sempre poderá dizer que não sabia do “se isso der m… “.

O Cerra poderá dizer que não sabia que a filha tinha sido indiciada por violação de sigilo fiscal.

Eles não tratam dessas coisas.

Mas, o Ricardo Sergio sabia.

O Daniel Dantas sabia.

(O ansioso blogueiro contou uma historia que corria na Veja, quando se podia dizer que se trabalhava na Veja, num ambiente de respeito. Contava-se que um editor chegou na mesa do editor-chefe, Mino Carta, e pediu espaço para duas reportagens. Uma sobre um foguete lançado da base de Alcântara, no Maranhão. Outra, sobre um foguete que caiu na Praia de Boa Viagem, em Recife. )

Esses – Dantas, Ricardo Sergio, Naji Nahas, Preciado, Rioli, o genro -  não podem dizer que o foguete que saiu de Alcântara não é o mesmo que caiu em Recife.

É por isso, disse Emediato, que há esse constragimento geral.

Porque os documentos são públicos.

Indesmentíveis.

E por que os tucanos estão aflitos ?

O livro denuncia também o PT, a briga entre os grupos Palocci/Falcão  e Fernando Pimentel, que quase leva Dilma ao precipício.

Depois do programa, Emediato contou que tiha mandado um recado ao presidente do PSDB, Sergio Guerra: ele, Emediato, trabalhou em campanhas do PSDB e sabe de algumas coisas.

Que talvez constem do Privataria II.

Que horror !

Em tempo: o livro vendeu 120 mil exemplares em 20 dias.

Paulo Henrique Amorim

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