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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, setembro 09, 2013

5 MITOS SOBRE A LEGALIZAÇÃO DA MACONHA

EXAME (08/06/13) - 5 MITOS SOBRE A LEGALIZAÇÃO DA MACONHA
São Paulo – Vale a pena legalizar a maconha? Essa é uma pergunta muito ampla, complexa, frequentemente debatida e que precisa de estudo e tempo para ser respondida. Mas, nos Estados Unidos, onde esse processo já começou (16 estados reviram suas leis para descriminalizar e legalizar o uso medicinal e recreativo da droga), um pesquisador encontrou 5 mitos relacionados à erva.

Doug Fine, autor do livro "Too High to Fail: Cannabis and the New Green Economic Revolution (Alterado demais para falhar: Cannabis e a nova revolução econômica verde, em uma tradução livre)", publicou um artigo no jornal The Washington Post neste sábado, explicando os resultados de sua pesquisa que durou três anos. "Achei algumas ideias sobre a planta que simplesmente não se sustentam", afirma ele. Passemos às conclusões dele:

1 – Ao legalizar a maconha, mais pessoas passarão a usar a erva.

Doug Fine aponta que, após legalizar a erva e outras drogas, em 2001, Portugal viu o número de jovens que fumava maconha diminuir. O índice caiu de 14% para 10% em 5 anos após a implementação da medida, como mostra uma pesquisa publicada pela revista TIME.

Um outro estudo revelou que, em 2011, não houve aumento do uso da maconha entre alunos do ensino fundamental e médio no estado americano de Rhode Island, que legalizou a erva em 2006.

Quanto aos adultos, os números ainda são "misturados", descreve Doug Fine. Uma pesquisa da Universidade da Califórnia mostrou um ligeiro aumento do uso da maconha entre adultos após a Holanda legalizar a droga. Apesar disso, a taxa foi considerada um pouco inferior à média europeia.

2 – Todos os policiais se opõem à legalização.

" É verdade que existe muito lobby para não acabar com a guerra mais cara dos EUA (que custou 1 trilhão de dólares), mas isso é porque ela é a razão de ser para o lobby", acredita o pesquisador.

Ele cita a criação de um grupo de oficiais na Califórnia (5 mil pessoas, ao todo), que busca a liberalização da erva e traz o depoimento de um delegado em uma cidade na Califórnia, que chegou até mesmo a defender produtores locais de maconha. Para esses oficiais, há outros problemas mais importantes a serem enfrentados nos EUA, e o uso da maconha não é o mais importante entre eles.

3 – O uso recreativo da droga seria o grande gerador de receita para a cannabis.

A cannabis industrial, comumente chamada de cânhamo, possui um grande potencial, e não se tratada da variedade usada na forma recreativa, diz o pesquisador.

Ele cita dois exemplo dessa funcionalidade diversa: "As montadoras BMW e Dodge usam fibras de cânhamo nos painéis das portas. Além disso, casas cujo isolamento e painéis de parede são feitos parcialmente de cânhamo representam uma tendência de rápido crescimento na indústria da construção europeia".

O pesquisador também traz dados de um relatório feito por um consultor para o Departamento de Agricultura do estado do Novo México, nos EUA. Segundo o texto, dez anos após o fim da guerra contra as drogas, a indústria do cânhamo chegará a faturar US$ 50 bilhões. "Isso é maior do que os US$ 40 bilhões que alguns economistas americanos preveem com a cannabis sendo fumada"

4 – Grandes empresas do tabaco e álcool controlariam a indústria da maconha.

Segundo Doug Fine, não. A razão para contradizer esse mito está no fato de que a indústria da maconha já é descentralizada nos EUA. O pesquisador traz o depoimento de Tomas Balogh, um dos fundadores de uma cooperativa de plantadores de cannabis na Califórnia.

"A indústria de cannabis já é descentralizada e de propriedade do fazendeiro. Cabe aos consumidores manter assim. As grandes companhias de bebidas alcóolicas podem controlar a loja da esquina, mas não a loja do vinho refinado ou o mercado dos fazendeiros", afirma o agricultor no artigo escrito por Doug Fine.

O pesquisador aponta que existem cerca de 100 milhões de aficionados pela maconha nos EUA (17 milhões deles fazem uso regular). "Eles vão poder escolher entre pegar um pacote para fumar antes de ir a um churrasco ou dedicar-se a desenvolver organicamente novas cepas da erva", acredita.

Para o autor do livro, a questão já está sendo posta na mesa. Ele lembrou uma entrevista do presidente Obama, que, pela primeira vez, levou a sério a pergunta sobre a legalização da cannabis. Ele disse que ainda não apoia a questão, mas que tinha "peixes maiores para fritar" do que assediar os estados de Colorado e Washington, que legalizaram recentemente a droga.

Doug Fine lembra que, até em estados considerados conservadores nos EUA (Arizona, por exemplo), a discussão sobre legalização da maconha está avançando.

E argumenta por quê: "Eu moro em um local conservador no Novo México. No entanto, como uma mulher na fila do posto me disse recentemente: 'Foram as pílulas que mataram meu primo. Repreender a maconha apenas mantém os malditos cartéis no negócio'".

NÃO ACREDITA? VAI LÁ!
*Visãoampla 

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