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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, setembro 14, 2013

Dilma pode dar o bolo no Tio Sam

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Um assessor direto da presidência da República confirmou à imprensa presente ao velório do ex-ministro Luiz Gushiken, realizado hoje em São Paulo. Dilma pretende cancelar a viagem que faria aos EUA, no dia 23 de outubro, caso a Casa Branca não apresente respostas muito mais satisfatórias. Ela teme que novas revelações de Snowden aumentem o já insuportável constrangimento de ter sido pessoalmente espionada pelo serviço secreto americano.
As explicações oficiais enviadas pelos EUA até agora não convenceram. O governo brasileiro, além disso, não quer apenas mais esclarecimentos, e sim um mínimo de sinceridade entre os dois países, que sempre foram amigos, apesar da histórica participação dos EUA na preparação e manutenção do golpe militar.
Segundo Monica Bergamo, em sua coluna de hoje, a presidenta foi orientada a cancelar a ida aos Estados Unidos por seu novo conselho político, do qual fazem parte o ex-ministro Franklin Martins e o presidente do PT, Rui Falcão. Além de Lula, é claro, com quem ela se encontrou ontem em Brasília.
Ainda segundo Bergamo, no dia 23 de setembro, na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas, a presidente Dilma fará um duro discurso contra a espionagem americana.
O “bolo” de Dilma em Obama é merecido; sobretudo nesse momento, em que o titular da Casa Branca quer iniciar outra aventura de guerra sem autorização da comunidade internacional.
Por: Miguel do Rosário
*Tijolaço 

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