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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, setembro 03, 2013

EUA espionam Dilma. Cadê a reação?


Por Altamiro Borges

O programa Fantástico, da TV Globo, divulgou neste domingo (1) uma grave denúncia, que exige imediata e dura reação do governo brasileiro. Documentos classificados como ultrassecretos, que fazem parte de uma apresentação interna da Agência de Segurança Nacional (NSA), confirmam que a presidenta Dilma Roussef foi alvo direto de espionagem do governo dos EUA. Entrevistado pelo programa, o jornalista Glenn Greenwald, relata que recebeu os papéis das mãos de Edward Snowden - o ex-analista da CIA e da NSA que denunciou o esquema criminoso do império.

Segundo o jornalista, os papéis foram repassados na primeira semana de junho, quando ele esteve com Snowden em Hong Kong. "Ele me deu os documentos com todos os outros do pacote original", que tinha milhares de documentos secretos. Durante uma semana em Hong Kong, Glenn analisou os papéis com Snowden. Dias depois, o ex-técnico da CIA e da NSA fugiu para a Rússia, onde passou 38 dias na área de trânsito do aeroporto de Moscou, até obter asilo. O "Fantástico" inclusive conversou com Snowden por um programa de bate-papo protegido contra espionagem:

Como é que a gente pode avaliar o documento e saber se foram operações que foram consumadas, e não apenas projetos?

“Ficou muito claro, com esses documentos, que a espionagem já foi feita, porque eles não estão discutindo isso só como alguma coisa que eles estão planejando. Eles estão festejando o sucesso da espionagem”, afirmou Glenn.


Motivos políticos e comerciais

Os documentos revelam que a espionagem atingiu a presidenta Dilma e seus principais assessores. A apresentação interna da NSA é intitulada "filtragem inteligente de dados: estudo de caso México e Brasil". O órgão de espionagem se jacta de que o programa permite encontrar "agulha no palheiro", vasculhando milhares de mensagens nas redes de telefonia, internet, servidores de e-mail e redes sociais. Um dos documentos, de junho de 2012, revela que Dilma foi espionada com o objetivo de "melhorar a compreensão dos métodos de comunicação e dos interlocutores da presidente do Brasil e seus principais assessores". Um gráfico mostra toda a rede de comunicações da presidente com seus assessores. No gráfico, cada bolinha representa uma pessoa.

No mês passado, o jornal O Globo também revelou, por motivos ainda desconhecidos, que os EUA interceptam milhões de comunicações no Brasil. Na ocasião, o embaixador ianque no país, Thomas Shannon, negou que e-mails e telefonemas de brasileiros fossem espionados. Já a revista Época, do mesmo grupo midiático, publicou com exclusividade uma carta comprovando que a espionagem dos EUA também tinha objetivos comerciais. Nela, o próprio Thomas Shannon agradece à NSA pelas informações repassadas antes da Cúpula das Américas. "Os mais de 100 relatórios que recebemos da agência nos deram uma compreensão profunda dos planos e intenções dos outros participantes da cúpula", elogiou.

Brasil "mais forte" incomoda os EUA
Agora, com as novas revelações, o assunto ganha ainda maior gravidade. "A tática do governo americano desde o 11 de setembro é dizer que tudo é justificado pelo terrorismo, assustando o povo para que aceite essas medidas como necessárias. Mas a maior parte da espionagem que eles fazem não tem nada a ver com segurança nacional. É para obter vantagens injustas sobre outras nações em suas indústrias e comércio em acordos econômicos", explicou Snowden ao Fantástico. Já Glenn Greenwald argumentou que a espionagem se deve ao fato de o Brasil ter se tornado "mais independente, mais forte... O país está competindo com os Estados Unidos, com as empresas americanas. Por causa disso, o governo americano está pensando diferente sobre o Brasil".

O Fantástico também entrevistou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, após a reunião de emergência convocada pela presidenta Dilma Rousseff na noite deste domingo. Ele informou que governo decidiu tomar três medidas diante das denúncias:  o Ministério das Relações Exteriores vai chamar o embaixador americano no Brasil, Thomas Shannon, para que ele esclareça os fatos; vai cobrar explicações formais do governo dos EUA; e vai ainda recorrer aos órgãos internacionais, como a ONU, para discutir a violação dos direitos de autoridades e cidadãos brasileiros.

"Se forem comprovados esses fatos, nós estamos diante de uma situação inadmissível, inaceitável, por que eles qualificam uma clara violência à soberania do nosso país. O Brasil cumpre fielmente com suas obrigações e gostaria que todos os seus parceiros também as cumprissem e respeitassem aquilo que é muito caro para um país que é a sua soberania", afirmou Cardozo. Espera-se que o governo brasileiro realmente reaja à altura diante desta grave violação da soberania nacional. Os EUA se preparam para desencadear uma nova carnificina, desta vez contra a Síria. Não dá mais para aceitar passivamente as ações terroristas do império! Cabe até rediscutir a viagem agendada para o próximo mês da presidenta Dilma aos EUA!

*carlosmaia

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