Analisando a edição do jornal O Globo de domingo, confirmo uma suspeita.
O jornal publicou ontem de má vontade a matéria sobre o congresso ter apoiado
a manutenção dos embargos infringentes. Além de vir sem nenhum
destaque, a matéria em questão foi ignorada pelos editorialistas. E hoje
não há nenhuma referência a ela.
Esse golpismo pé-de-chinelo do Globo é até engraçado, não tivesse consequências tão sérias.
O jornalão volta à carga hoje. Entrevista com Marco Aurelio Mello vem
estampada na capa do site, como ponta de lança de uma campanha a esta
altura destinada ao fracasso. Fracasso não apenas porque Celso de Mello
dificilmente mudará seu voto, mas sobretudo porque, se o fizesse,
marcaria ainda mais esse julgamento como “de exceção”, acrescentando
motivos para a busca de revisão em cortes internacionais.
Sem noção do ridículo, Mello – com o aval e apoio da Rede Globo –
praticamente convoca as pessoas a se manifestarem diante do tribunal. É
ridículo e beira a ilegalidade um ministro pedir manifestações na porta
da instituição da qual ele faz parte.
Não será surpresa se meia dúzia de manifestantes portando vassourinhas
coloridas pipocarem diante do STF, acompanhados de batalhões de
repórteres da Globonews.
Na blogosfera, lembrou-se muito do fato de Mello jamais ter pensado na
“credibilidade” do Supremo quando libertou Cacciola, permitindo que ele
fugisse do Brasil.
Para mim, contudo, muito mais emblemático da ideias de Mello é sua
declaração, em entrevista recente a Kennedy Alencar, de que a ditadura
foi um “mal necessário”.
A censura a jornais, o fechamento do congresso, a supressão do direito
ao voto, a tortura, o exílio, o espancamento de estudantes e
professores, a redução brutal dos salários, também foi um “mal
necessário”, sr. Marco Aurélio Mello?
Por acaso, excelentíssimo Marco Aurélio, o senhor já apurou o que as “ruas” pensam de sua opinião sobre a ditadura?
Muito sintomática essa união estratégica entre uma família que, em virtude do apoio que deu ao golpe, se tornou a mais rica do país,
e um ministro do STF que, desprezando o trauma humano, social e
cultural causado pelo arbítrio, afirma despudoradamente que a ditadura
foi um “mal necessário”.
Globo, Marco Aurélio, ditadura, e o mal necessário, a gente se vê por aqui!
Por: Miguel do Rosário
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