Além de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, outras onze
capitais tiveram manifestações, todas com registros de abusos e
violência policial
Por José Francisco Neto, no Brasil de Fato
No Brasil, o dia 7 de setembro de 2013 ficará marcado por episódios
de extrema violência policial contra manifestantes. Em São Paulo (SP),
um PM fez diversos disparos com arma letal contra um grupo de pessoas na
região do centro, atingindo um fotógrafo no queixo. No Rio de Janeiro
(RJ), centenas de pessoas foram detidas por estarem ‘mascaradas’. Já em
Brasília (DF), um capitão do Batalhão de Choque diz ter jogado
intencionalmente spray de pimenta em manifestantes.
O estudante Vitor Araújo, que fazia a transmissão ao vivo do protesto
em São Paulo pelo Basta TV, foi atingido no olho direito por estilhaços
de bombas lançadas pela PM. Encaminhado ao Hospital das Clínicas, ele
passará por cirurgia, mas ficará cego.
O Grupo de Apoio ao Protesto Popular (Gapp) socorreu no mínimo mais
oito manifestantes feridos durante o ato no centro da cidade. Josiane
Martins foi uma das pessoas agredidas por policiais. “Não tive nem tempo
de reagir. Acordei do lado de uma barraca de jornal sendo ajudada por
alguns manifestantes e médicos. Lembro de pouca coisa do que aconteceu.
Fiquei um certo tempo imobilizada no chão em estado de choque, fui
levada pro pronto socorro do HC, onde fiquei em observação. Foi feita
uma bateria de exames, fui medicada com morfina para controlar a dor que
eu estava sentindo.”, relatou.
Ainda no centro de SP, pelo menos quatro pessoas foram atropeladas,
duas na região da Sé. Uma das vítimas foi atingida, propositalmente, por
uma viatura da Polícia Militar.
Rio de Janeiro
No Rio, a polícia não hesitou em jogar dezenas de bombas de gás
lacrimogêneo e de efeito moral contra manifestantes que protestavam
pacificamente. Também atingiram centenas de familiares dos militares que
desfilavam, entre os quais havia mulheres, idosos e crianças. Na
correria, muitas pessoas ficaram feridas. Um idoso foi atropelado por
uma viatura da PM.
Enquanto filmava a prisão de um manifestante, o jornalista do jornal A Nova Democracia, Patrick Granja, foi preso acusado de agredir um PM.
‘Pode denunciar’
Um capitão do Batalhão de Choque da Polícia Militar do Distrito Federal atingiu intencionalmente manifestantes com spray de pimenta
durante o protesto do Grito dos Excluídos. No vídeo, feito por
ativistas, vê-se que os manifestantes atingidos não estavam agindo
violentamente, nem tentando passar pelo limite imposto pela polícia.
O manifestante que faz as imagens pergunta, então, por que o capitão
havia jogado o gás. “Porque eu quis. Pode ir lá e denunciar, tá bom?
Capitão Bruno, BP Choque”, respondeu o policial.
A Secretaria de
Segurança Pública do DF disse que o caso só será investigado se uma
queixa formal for feita à Corregedoria da PM. Se houver denúncias,
informou a secretaria, os casos serão investigados e os policiais podem
ser punidos com advertências leves ou até prisão militar.
Ainda em Brasília, manifestantes foram atacados por cachorros da
Polícia, que tentava impedir a marcha até o Congresso. Bombas de gás
lacrimogênio e sprays de pimenta também marcaram o evento.
Os casos de abusos cometidos por policiais devem ser investigados
pelas corregedorias e pelas secretarias de segurança pública de
respectivas capitais. Os protestos do dia 7 de setembro se alastraram
por mais onze capitais, todas com registros de abusos e violência
policial. Mais de 400 pessoas foram presas, mas não se sabe ao certo
quantas ainda continuam detidas.
*Forum
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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
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