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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, setembro 04, 2013

Vale-Cultura será a grande revolução na cultura brasileira, afirma Marta Suplicy

Ministra Marta Suplicy destaca investimento na conservação de patrimônios históricos. Elza Fiuza/ABr
Ministra Marta Suplicy destaca investimento na conservação de patrimônios históricos. Foto: Elza Fiuza/ABr
O Vale-Cultura é um programa que vai mudar a cara da cultura no Brasil, disse a ministra da Cultura, Marta Suplicy, no programa de rádio Bom Dia, Ministra, desta quarta-feira (4). Estão sendo disponibilizados R$ 300 milhões em recursos para o ano de 2013. Ela também deu detalhes do PAC Cidades Históricas, que teve o anúncio das 425 obras escolhidas, com um investimento de R$1,9 bilhão.
“Eu sei que nós vamos começar pequenos, mas isso vai ser a grande revolução na cultura brasileira. (…) Eu acho que vai ter uma repercussão gigantesca, porque vai afetar não só aquele que não consumiu até agora porque não sobrava R$ 50 para consumir, mas também a produção cultural, que não tinha gente suficiente com dinheiro para ir assistir coisas que gostariam de ir. (…) Acho que o mais interessante do Vale-Cultura é que nós não temos ideia do que o povo vai querer ver. Isso me parece muito instigante nisso tudo”, afirmou a ministra.
O benefício, disponibilizado por meio de cartão magnético, será destinado prioritariamente aos trabalhadores que ganham até cinco salários mínimos com o objetivo de garantir meios de acesso e participação nas diversas atividades culturais desenvolvidas no Brasil. Poderá ser usado em teatros, cinemas, compra de livros, CDs e consumo de outros produtos culturais. O valor mensal será de R$ 50 e não tem validade, permitindo ao trabalhador acumular crédito para consumir valores superiores.
“A gente sabe que o povo tem sede de conhecimento. Quando o Banco do Brasil faz aquelas exposições maravilhosas, eu vi em São Paulo. Basta você ter gratuidade e qualidade. Ah, o povo vai. Veja aquela exposição dos impressionistas no Rio ou em São Paulo, quando começou a ter muita gente, o que o banco fez? O banco abriu de madrugada. Tinha fila no quarteirão de madrugada.É Lei Rouanet”, completa.
PAC Cidades Históricas
Sobre o PAC Cidades Históricas, a ministra destacou que foram escolhidos os monumentos mais importantes de cada estado que estavam em situação de maior degradação, ou possibilidade de perda, e que ao mesmo envolviam a revitalização de seu entorno seguindo um critério de sustentabilidade.
“Uma das determinações da presidenta, que me pareceram de muito bom senso, é que você, tudo que for preservado só vai continuar preservado se tiver possibilidade de sustentabilidade, se ele puder ter uma atividade. (…) Não é só preservação do monumento, você tem que ao mesmo tempo fazer que aquela região se revitalize porque senão não adianta, você recupera o monumento e ser for numa área onde não passa ninguém ou tem muito vandalismo, pouco tempo depois aquele monumento está em risco de novo.No PAC, que é de R$ 1,9 bilhão, $ 300 milhões vão ser dedicados a prédios particulares que são prédios que poderão ser restaurados com empréstimos a perder de vista. Mas a pessoa vai poder fazer uma livraria, um hotel também, ela vai poder ousar. Ao todo vão ser 48 cidades, 425 obras e essa quantia gigantesca”, disse.
*blogdoplanalto

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