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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, março 08, 2014

Venezuela comemora declaração da OEA: "vitória da dignidade"


O governo da Venezuela comemorou nesta sexta-feira como uma "vitória da dignidade" a declaração de solidariedade do Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA), que pede a continuação do diálogo e lamenta as mortes no país, com 29 votos a favor e 3 contra, de EUA, Canadá e Panamá.
"Mais do que da Venezuela, acho que é uma vitória da dignidade da América Latina e do Caribe", disse o chanceler venezuelano, Elías Jaua, durante um contato telefônico com o canal estatal VTV, no qual também afirmou que essa declaração é "a favor da paz, do diálogo e da institucionalidade democrática" no país.
O ministro das Relações Exteriores disse que "todo o aparelho de propaganda montado contra a Venezuela foi sendo desmoronado pela moral e pela verdade do povo venezuelano".
Acrescentou que agora o mundo sabe que o país sul-americano "não enfrenta manifestantes pacíficos", mas uma "corrente violenta que tenta derrubar o governo legítimo e constitucional de Nicolás Maduro".
Jaua reiterou que nesta sexta-feira se expressou a dignidade de todo o continente "com a lamentável exceção" do Panamá, que assumiu - disse - "posições abjetas". O governo do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, rompeu relações com o Panamá na última quarta-feira.
Em nome de Maduro, o chefe da diplomacia venezuelana agradeceu os países que apoiaram a Venezuela por sua solidariedade, "especialmente" aos países do Caribe que se expressaram - declarou - apesar "das pressões" dos Estados Unidos.
Jaua afirmou que o governo venezuelano "não se surpreende" com a falta de apoio dos Estados Unidos e do Canadá e que, no caso do Panamá, "o império" - forma como chama os EUA - tem "seu centro e sua articulação" e assinalou que "foi de lá que saiu todo esse movimento para derrubar o governo legitimo da Venezuela".
O ministro das Relações Exteriores disse que na reunião de chanceleres da União das Nações Sul-americanas (Unasul), que será realizada na próxima quarta-feira em Santiago do Chile para tratar da situação da Venezuela, é esperada "uma declaração contundente" e na qual vai comparecer "com todas as expectativas, e muito mais depois dessa heroica vitória".
Além disso, antecipou que a Venezuela avaliará nessa reunião "qualquer tipo de apoio para o acompanhamento do diálogo promovido pelo presidente" Maduro através da conferência nacional da paz, inaugurada na semana passada.
O Conselho Permanente da OEA aprovou nesta sexta-feira por maioria uma declaração conjunta na qual reconhece e "apoia" o diálogo iniciado pela Venezuela e pede a continuação do mesmo, o respeito aos direitos humanos, além de expressar seu apreço pela não intervenção nos assuntos internos do país.
O texto expressa o "reconhecimento, o apoio pleno e o incentivo às iniciativas e aos esforços do governo democraticamente eleito da Venezuela e de todos os setores políticos, econômicos e sociais para que continuem avançando no processo de diálogo nacional, para a reconciliação política e social".
Além disso, mostra sua "mais enérgica rejeição a toda forma de violência e intolerância e faz o pedido de paz, tranquilidade e respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais - incluindo os direitos à liberdade de expressão e reunião pacífica, circulação, saúde e educação - a todos os setores".
A reunião da OEA foi realizada para analisar a onda de protestos contra o governo que a Venezuela vive desde 12 de fevereiro e que, em alguns casos, se tornaram violentos, ao causar pelo menos 19 mortes, 318 feridos e 1.103 pessoas presas, segundo dados oficiais.
*Terra

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