Não há lei nas delegacias de polícia do Brasil. E também raramente há leis nas abordagens policiais.
Nas últimas semanas, com a cobertura da grande imprensa, forçada pela cobertura da internet, o Brasil assiste aos métodos de tortura e assassinato da polícia que se iniciaram na ditadura e até hoje persistem.
Paraná, São Paulo, Rio, Minas Gerais, etc. Por todo Brasil há casos de tortura e assassinato na mãos de policiais, mesmo após mais de duas décadas depois do fim do regime criminoso que durou até a eleição de Fernando Collor de Mello.
Certa vez, um amigo foi abordado por um policial militar na linha vermelha do Rio de Janeiro, tentou conversar. Ao citar uma legislação que conhecia, o policial ficou enlouquecido com um discurso de que “o policial também é a lei, o juiz não está na rua”. Esse é o slogan de regimes fascistas, mas é o que se ouve ainda hoje. Meu amigo se calou porque não sairia vivo se continuasse a argumentar.
Policiais honestos e democratas, quando denunciam colegas, são fuzilados, assim como são fuzilados pobres, pretos e prostitutas pelas periferias de São Paulo e do Brasil.
A guerra do tráfico impede que os policiais ajam de forma mais civilizada. Eles estão o tempo todo em guerra, percorrendo ruas, enfrentando um inimigo em qualquer canto. É quase impossível ter uma polícia mais democrata e respeitadora do cidadão na situação de rua em que são colocados os policiais. Eles agem com o cidadão comum, muitas vezes, em estado de guerra. Na periferia é a própria guerra. Daí as “justificativas” do sequestro e da tortura que deveriam ser atividades exclusivas de “foras da lei”.
A guerra contra as drogas alimenta a ideologia do Estado de violência, que funciona como um narcótico. Quanto mais viciado, mais violência policial precisa. E assim, esse estado vai produzindo, em cada esquina, os Amarildos da vida e a execução das famílias de policiais.
É uma overdose e o vício aumenta. Os grupos de poder alimentam a necessidade de mais armas, mais munição, mais prisões, como uma droga sem fim. Na base, o soldado que vai para a rua é o grande viciado e sem luz no fim do túnel.
As consequências desse estado de guerra, provocado pela desigualdade perversa e pela criminalização das drogas, é uma polícia que não consegue e nunca vai chegar ao Estado de Direito.
*Educaçãopolitica
Vídeo mostra funcionário da Unifesp sendo agredido por PM’s na antevéspera de sua morte
Universitários acusam PM pela morte de funcionário: ‘Deram uma cabeçada’
Polícia Militar refuta acusações de estudantes da Unifesp.
Mãe do auxiliar de limpeza diz que ele tinha planos de estudar.
G1A morte do auxiliar de limpeza que trabalhava no campus da Unifesp em Santos, no litoral de São Paulo, continua causando polêmica entre os estudantes da unidade. Durante missa de sétimo dia, realizada nesta quinta-feira (8) em homenagem a Ricardo Ferreira Gama, assassinado no dia 2 de agosto, os universitários fizeram uma manifestação e reafirmaram a suspeita da participação de policiais no crime. A mãe do trabalhador também estava presente e disse que o filho tinha planos de estudar. A Polícia Militar continua apresentando outra versão.
Ricardo, de 30 anos, foi executado com oito tiros há uma semana, na
esquina da casa dele, no bairro Vila Nova. Segundo estudantes, a morte
pode estar ligada a uma discussão que o funcionário teve com policiais
militares um dia antes do crime, perto da universidade. A vítima também
teria sido agredida. Ainda há marcas de sangue no local onde as
testemunhas dizem que tudo aconteceu. Toda a história é relatada pelos
estudantes nas redes sociais.
A mãe de Ricardo, Elvira Ferreira da Silva, também compareceu à missa e não se conforma com o que aconteceu ao filho. “Ele estava trabalhando. Estava muito feliz com esse emprego, com planos, fazendo alguns cursos, pretendendo estudar no ano que vem. Meu filho estava muito mudado”, relata.
Segundo o capitão Samuel Loureiro, da Polícia Militar, o auxiliar de limpeza foi abordado quando os policiais atendiam a uma ocorrência de tráfico de drogas na Rua Silva Jardim. De acordo com o capitão, Ricardo discutiu com os policiais e ele mesmo teria se machucado. “Nenhuma testemunha apresentou-se para a Polícia Militar para qualquer tipo de denúncia. Não recebemos nenhuma filmagem, não houve nenhum contato com a Corregedoria da PM, nenhuma informação por meio do Disque Denúncia nem da Ouvidoria das polícias. Os estudantes estão falando pela internet, mas não houve nenhuma comunicação com relação a isso. Nós temos a versão dos policiais e a versão dos estudantes, que por enquanto nos é anônima. Se eles estão com medo de fazer essa denúncia, podem pedir para o Ministério Público acompanhar essa investigação. Nós temos a lei de proteção à testemunha”, explica.
A investigação preliminar instaurada pelo Comando do 6º Batalhão de Polícia Militar do Interior já foi encerrada, porque os registros do GPS das viaturas da PM comprovaram que os policiais que participaram da abordagem estavam em outros locais no momento do homicídio.
A Reitoria da Unifesp, por meio de nota, informou que promoveu reuniões com os alunos e professores para discutir o caso. A universidade também afirmou que está em contato com o secretário de Segurança Pública do Estado e com o prefeito de Santos, para discutir o assassinato do funcionário e também os problemas de segurança na região.
*coletivoDAR.org
Mãe de Ricardo não se conforma com a morte do
filho (Foto: Reprodução/TV Tribuna)
A estudante Suelen Abreu, presente à missa de sétimo dia, foi
enfática ao descrever o que ocorreu. “Muitas pessoas viram, naquele dia,
que o Ricardo estava fumando, na frente da faculdade, uniformizado, com
o crachá da empresa. Os policiais o agrediram fisicamente, deram uma
cabeçada e ele estava ensanguentado. Eles o levaram para dentro do
quintal de uma casa em frente. Os policiais continuaram o agredindo e
ele pediu socorro, mas foi levado para dentro da viatura. Os policiais
despistaram as pessoas que queriam saber para onde ele foi. Também não
conseguiram fazer nenhum boletim de ocorrência por conta da ameaça dos
policiais”, lembra.filho (Foto: Reprodução/TV Tribuna)
A mãe de Ricardo, Elvira Ferreira da Silva, também compareceu à missa e não se conforma com o que aconteceu ao filho. “Ele estava trabalhando. Estava muito feliz com esse emprego, com planos, fazendo alguns cursos, pretendendo estudar no ano que vem. Meu filho estava muito mudado”, relata.
Ricardo Ferreira Gama, funcionário da Unifesp
morto em Santos (Foto: Reprodução/TV Tribuna)
Versão da PMmorto em Santos (Foto: Reprodução/TV Tribuna)
Segundo o capitão Samuel Loureiro, da Polícia Militar, o auxiliar de limpeza foi abordado quando os policiais atendiam a uma ocorrência de tráfico de drogas na Rua Silva Jardim. De acordo com o capitão, Ricardo discutiu com os policiais e ele mesmo teria se machucado. “Nenhuma testemunha apresentou-se para a Polícia Militar para qualquer tipo de denúncia. Não recebemos nenhuma filmagem, não houve nenhum contato com a Corregedoria da PM, nenhuma informação por meio do Disque Denúncia nem da Ouvidoria das polícias. Os estudantes estão falando pela internet, mas não houve nenhuma comunicação com relação a isso. Nós temos a versão dos policiais e a versão dos estudantes, que por enquanto nos é anônima. Se eles estão com medo de fazer essa denúncia, podem pedir para o Ministério Público acompanhar essa investigação. Nós temos a lei de proteção à testemunha”, explica.
A investigação preliminar instaurada pelo Comando do 6º Batalhão de Polícia Militar do Interior já foi encerrada, porque os registros do GPS das viaturas da PM comprovaram que os policiais que participaram da abordagem estavam em outros locais no momento do homicídio.
A Reitoria da Unifesp, por meio de nota, informou que promoveu reuniões com os alunos e professores para discutir o caso. A universidade também afirmou que está em contato com o secretário de Segurança Pública do Estado e com o prefeito de Santos, para discutir o assassinato do funcionário e também os problemas de segurança na região.
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