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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, agosto 09, 2013

DEMOCRACIA PRECISA CHEGAR AO QUARTEL: QUANDO A POLÍCIA VAI PARAR DE MATAR E TORTURAR COMO NO TEMPO DA DITADURA?




polícia e tráfico
O vício da guerra
Não há lei nas delegacias de polícia do Brasil. E também raramente há leis nas abordagens policiais.
Nas últimas semanas, com a cobertura da grande imprensa, forçada pela cobertura da internet, o Brasil assiste aos métodos de tortura e assassinato da polícia que se iniciaram na ditadura e até hoje persistem.
Paraná, São Paulo, Rio, Minas Gerais, etc. Por todo Brasil há casos de tortura e assassinato na mãos de policiais, mesmo após mais de duas décadas depois do fim do regime criminoso que durou até a eleição de Fernando Collor de Mello.
Certa vez, um amigo foi abordado por um policial militar na linha vermelha do Rio de Janeiro, tentou conversar. Ao citar uma legislação que conhecia, o policial ficou enlouquecido com um discurso de que “o policial também é a lei, o juiz não está na rua”. Esse é o slogan de regimes fascistas, mas é o que se ouve ainda hoje. Meu amigo se calou porque não sairia vivo se continuasse a argumentar.
Policiais honestos e democratas, quando denunciam colegas, são fuzilados, assim como são fuzilados pobres, pretos e prostitutas pelas periferias de São Paulo e do Brasil.

A guerra do tráfico impede que os policiais ajam de forma mais civilizada. Eles estão o tempo todo em guerra, percorrendo ruas, enfrentando um inimigo em qualquer canto. É quase impossível ter uma polícia mais democrata e respeitadora do cidadão na situação de rua em que são colocados os policiais. Eles agem com o cidadão comum, muitas vezes, em estado de guerra. Na periferia é a própria guerra. Daí as “justificativas” do sequestro e da tortura que deveriam ser atividades exclusivas de “foras da lei”.

A guerra contra as drogas alimenta a ideologia do Estado de violência, que funciona como um narcótico. Quanto mais viciado, mais violência policial precisa. E assim, esse estado vai produzindo, em cada esquina, os Amarildos da vida e a execução das famílias de policiais.
É uma overdose e o vício aumenta. Os grupos de poder alimentam a necessidade de mais armas, mais munição, mais prisões, como uma droga sem fim. Na base, o soldado que vai para a rua é o grande viciado e sem luz no fim do túnel.
As consequências desse estado de guerra, provocado pela desigualdade perversa e pela criminalização das drogas, é uma polícia que não consegue e nunca vai chegar ao Estado de Direito. 
*Educaçãopolitica 

Vídeo mostra funcionário da Unifesp sendo agredido por PM’s na antevéspera de sua morte





Universitários acusam PM pela morte de funcionário: ‘Deram uma cabeçada’

Polícia Militar refuta acusações de estudantes da Unifesp.
Mãe do auxiliar de limpeza diz que ele tinha planos de estudar.

G1
A morte do auxiliar de limpeza que trabalhava no campus da Unifesp em Santos, no litoral de São Paulo, continua causando polêmica entre os estudantes da unidade. Durante missa de sétimo dia, realizada nesta quinta-feira (8) em homenagem a Ricardo Ferreira Gama, assassinado no dia 2 de agosto, os universitários fizeram uma manifestação e reafirmaram a suspeita da participação de policiais no crime. A mãe do trabalhador também estava presente e disse que o filho tinha planos de estudar. A Polícia Militar continua apresentando outra versão.
Ricardo, de 30 anos, foi executado com oito tiros há uma semana, na esquina da casa dele, no bairro Vila Nova. Segundo estudantes, a morte pode estar ligada a uma discussão que o funcionário teve com policiais militares um dia antes do crime, perto da universidade. A vítima também teria sido agredida. Ainda há marcas de sangue no local onde as testemunhas dizem que tudo aconteceu. Toda a história é relatada pelos estudantes nas redes sociais.
Mãe de Ricardo não se conforma com a morte do filho (Foto: Reprodução/TV Tribuna)Mãe de Ricardo não se conforma com a morte do
filho (Foto: Reprodução/TV Tribuna)
A estudante Suelen Abreu, presente à missa de sétimo dia, foi enfática ao descrever o que ocorreu. “Muitas pessoas viram, naquele dia, que o Ricardo estava fumando, na frente da faculdade, uniformizado, com o crachá da empresa. Os policiais o agrediram fisicamente, deram uma cabeçada e ele estava ensanguentado. Eles o levaram para dentro do quintal de uma casa em frente. Os policiais continuaram o agredindo e ele pediu socorro, mas foi levado para dentro da viatura. Os policiais despistaram as pessoas que queriam saber para onde ele foi. Também não conseguiram fazer nenhum boletim de ocorrência por conta da ameaça dos policiais”, lembra.
A mãe de Ricardo, Elvira Ferreira da Silva, também compareceu à missa e não se conforma com o que aconteceu ao filho. “Ele estava trabalhando. Estava muito feliz com esse emprego, com planos, fazendo alguns cursos, pretendendo estudar no ano que vem. Meu filho estava muito mudado”, relata.
Ricardo Ferreira Gama, funcionário da Unifesp morto em Santos, SP (Foto: Reprodução/TV Tribuna)Ricardo Ferreira Gama, funcionário da Unifesp
morto em Santos (Foto: Reprodução/TV Tribuna)
Versão da PM
Segundo o capitão Samuel Loureiro, da Polícia Militar, o auxiliar de limpeza foi abordado quando os policiais atendiam a uma ocorrência de tráfico de drogas na Rua Silva Jardim. De acordo com o capitão, Ricardo discutiu com os policiais e ele mesmo teria se machucado. “Nenhuma testemunha apresentou-se para a Polícia Militar para qualquer tipo de denúncia. Não recebemos nenhuma filmagem, não houve nenhum contato com a Corregedoria da PM, nenhuma informação por meio do Disque Denúncia nem da Ouvidoria das polícias. Os estudantes estão falando pela internet, mas não houve nenhuma comunicação com relação a isso. Nós temos a versão dos policiais e a versão dos estudantes, que por enquanto nos é anônima. Se eles estão com medo de fazer essa denúncia, podem pedir para o Ministério Público acompanhar essa investigação. Nós temos a lei de proteção à testemunha”, explica.

A investigação preliminar instaurada pelo Comando do 6º Batalhão de Polícia Militar do Interior já foi encerrada, porque os registros do GPS das viaturas da PM comprovaram que os policiais que participaram da abordagem estavam em outros locais no momento do homicídio.
A Reitoria da Unifesp, por meio de nota, informou que promoveu reuniões com os alunos e professores para discutir o caso. A universidade também afirmou que está em contato com o secretário de Segurança Pública do Estado e com o prefeito de Santos, para discutir o assassinato do funcionário e também os problemas de segurança na região.
Unifesp Campus Baixada Santista (Foto: Leandro Campos/G1)
 *coletivoDAR.org

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