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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, fevereiro 04, 2014

Foto do dia: Adolescente é espancado e preso a um poste por uma trava de bicicleta, nu  

Adolescente foi atacado por 3 rapazes, "justiceiros de moto", no Flamengo.

Eu não quero nem saber o que ele fez ou deixou de fazer, sei que não se amarra uma pessoa em lugar nenhum.

O racismo nos envergonha, nos deprime, acaba com a dignidade.


E por aqui, pouco mudou


*Mariadapenhaneles


A maior razão por esse compartilhamento, além de expor a babaquice, o racismo e a falta de humanidade da elite branca, é o texto da publicação. Não deixem de ler, por favor. A senzala continua próxima da casa grande e os senhores só expandiram sua cultura racista e sádica do meio rural pras classes urbanas. Eu tô com poucas palavras pra expor meu sentimento ao ver essa foto. Gente escrota que pensa como os bisavós donos de escravo, agem como seus bisavós agiam com os escravos e são legitimados em nome da propriedade privada. E depois enchem a boca dizendo que não existe racismo no Brasil e debocham dos defensores dos direitos humanos. Imbecis.
Não deixem de ler o texto da publicação da imagem.
Dia primeiro de fevereiro, véspera do dia de Iemanjá. Na noite seguinte, a região da Pedra do Sal, onde, não muito mais que um século atrás, havia um mercado de escravos e troncos para punição, seria tomada pela alegria fraterna de uma roda de samba tradicional. Mas antes disso, a poucos quilômetros dali, no bairro do Flamengo, os antigos horrores da Pedra da Prainha seriam revividos. Puseram um negro nu preso pelo pescoço com uma trava de metal num pelourinho improvisado. Segundo o comentário satisfeito de quem publicou a foto (sem qualquer tarja no rosto, perpetuando a humilhação pública), ele estava assaltando pessoas. Pra servir de exemplo aos pretos ladrões. Ao que tudo indica, obra de um grupo local organizado com esse intuito. Recentemente, um caso semelhante aconteceu numa praia na Zona Sul. Se esse jovem não estava na Pedra do Sal de hoje ouvindo a alta poesia da música negra, tomando cerveja e conversando com seus amigos sobre seu trabalho de mestrado não é porque tenha um delírio malévolo de assaltar pessoas, fruto de uma natureza mais maligna ou menos humana que qualquer pessoa, mas porque não existe espaço objetivo pra dignidade e felicidade de todos no projeto capitalista, racista e violento de país que dirige o Brasil. Sem entender isso, não se entende nada e, facilmente, até mesmo sem perceber, se cai no colo dos fascistas. É preciso saber que, oficial e oficialescamente, o Estado, seu judiciário e sua polícia fazem isso e pior todos os dias. Mas a resistência cotidiana, as lutas cotidianas e valores elevados presentes na consciência das massas exercem contrapressão. No entanto, a prova real do caráter humanamente falido do Estado burguês e de sua justiça degenerada é que na medida em que um setor cada vez mais amplo de civis se radicalizarem à direita e aderirem a seus valores e métodos, estaremos mais e mais próximos da barbárie do fascismo, sem subterfúgios. Não existe vacina política histórica, nada está garantido e nada está assegurado; a humanidade se reinventa todos os dias. Repúdio absoluto e urgência de responder isso à altura. Não pode deixar naturalizar de jeito nenhum. Peço a todos que façam chegar a todas as organizações políticas, mandatos, movimentos e entidades democráticas de que tenham conhecimento. OBS.: Façam o download da foto e a republiquem, assim haverá mais fontes para compartilhamento. E podem usar o texto sem citar, não é meu, é de vocês.
*socialismodadepressão

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