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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, fevereiro 07, 2014

    O tucano Alckmin é, na verdade, o governador avestruz





Por Carlos Mercuri, do SPressoSP via Renato  Rovai

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), tem utilizado, ultimamente, a “tática do avestruz” quando se trata de dar respostas a questões que afetam a população do Estado. O cidadão espera, mais do que pronunciamentos, soluções para os problemas graves que vem enfrentando nas áreas de segurança, transporte, saúde, educação e abastecimento – encargos do governo estadual. Mas o que vem se tornando frequente é o sumiço do governador quando a situação fica crítica ou explicações enviesadas.
Foi o que aconteceu nesta terça-feira (4) com o pânico na linha 3-Vermelha do Metrô. Milhares de passageiros ficaram presos nos trens, superlotados e com ar-condicionado ligado, parados mais de quarenta minutos por alguma falha que levou mais do que o tempo suportável para ser resolvida. O que Alckmin disse a respeito? Você ouviu ou leu? Nem eu.
Como resposta, uma nota oficial da companhia e entrevistas do seu secretário de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, responsabilizando o usuário pelo caos. Ambos chamaram as pessoas que acionaram os botões de emergência, que permitiram as portas serem abertas e as pessoas saírem daquele forno, de “vândalos”.
No caso da chacina em Campinas, em janeiro, quando 12 pessoas foram executadas em um intervalo de cinco horas, com suspeitas de que tenha havido participação de policiais militares nos crimes, o governador saiu-se com o trivial: “Se for confirmado o envolvimento de PMs, eles serão presos, processados nas esferas cível e penal, e expulsos da Polícia Militar”. Até o momento, quase um mês após, as investigações só resultaram na prisão de cinco policiais, suspeitos de um 13º assassinato nos mesmos dia e local dos demais.
O mesmo acontece com os problemas no abastecimento de água. Depois de responsabilizar a população pela falta de água no litoral no fim do ano passado, o governador e a companhia de economia mista que cuida do seu fornecimento em São Paulo, Sabesp, jogam nas costas do cidadão a solução para o problema: economizar, senão vai ter racionamento depois do dia 15, ameaçou ontem o governador. Evidentemente que não se pode defender o desperdício, mas é necessário dizer que boa parte do problema está na falta de investimentos da Sabesp na manutenção dos reservatórios e ampliação da oferta, como indicaram especialistas ouvidos pelo SPressoSP e outros veículos de informação.
Até mesmo no caso do ataque a seu filho e neta nesta semana o governador evitou manifestar-se de imediato. A informação foi sonegada por ele e sua equipe desde o momento em que aconteceu, na noite de domingo (2), até o fim da tarde de segunda-feira (3). Assessores procurados pela imprensa negaram que tenha havido o fato e a notícia só foi confirmada e liberada quando o governador julgou conveniente.
A tática do avestruz pode ser boa para fugir do enfrentamento de situações difíceis, quando se espera respostas e eficiência. Mas demonstra o pouco compromisso e respeito que o governante tem com os cidadãos.
*amoralnato

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