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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, junho 17, 2011

Aneel, sobre a Eletropaulo: é ruim, mas todas são…

Leilão de privatização da Eletropaulo: Estado entregou em 1999 a empresa da qual agora reclama por ser ineficiente
O diretor-geral da Agência  Nacional de Energia Elétrica (Aneel), responsável por fiscalizar as distribuidoras de eletricidade, o sr. Nélson Hubner, deu hoje declarações ao Estadão que são de estarrecer.  Para explicar porque não atenderá ao pedido do Procon para uma intervenção na empresa, veja só o que ele diz:
-Se fôssemos pegar os indicadores (de frequência e duração de interrupções de fornecimento de energia), teríamos de fazer intervenção em metade das empresas (que têm índices piores que da Eletropaulo)”, afirmou o diretor da Aneel.
E aí, a matéria desfila os dados da própria Aneel sobre o quadro de caos na quealidade que as distribuidoras, quase todas privatizadas, impõem aos cidadãos: os paulistanos atendidos pela Eletropaulo ficaram cerca de dez horas sem energia elétrica em abril. Os cariocas,  com a Light, 14 horas. Os mineiros, 18 horas,  com a  Cemig. Não, não é este ano. É só no mês passado.
Com uma agência de fiscalização que já, de cara, diz que não vai fazer nada, dá pra entender porque as empresas não melhoram.
Quando à chiação do governo paulista, que é procedente, é bom lembrar que o sr. Geraldo Alckmin era o vice-governador de São Paulo quando a empresa foi entregue ao grupo AES, numa transação nebulosa, que obrigou o BNDES a assumir 49,9% do capital da empresa (os americanos têm 50,1%) para nã levar um “calote”.
*tijolaço

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