O LIVRO SOBRE O BACURI E OUTRAS NOVAS DOS COMPANHEIROS DE IDEAIS
Depois de vários anos de pesquisas, tendo entrevistado 40 veteranos da resistência à ditadura militar, a companheira Vanessa Gonçalves está lançando a biografia Eduardo Leite Bacuri, pela Plena Editorial.
Um bom aperitivo é a extensa reportagem da IstoÉ 109 dias de tortura, da qual extraí este trecho:
"No Dops, Bacuri passou por uma experiência incomum – e macabra – mesmo para os padrões da ditadura. Ali, depois de massacrado fisicamente, ele leu sua sentença de morte.No sábado 26 de outubro, os jornais noticiaram a morte de Joaquim Câmara Ferreira, militante da Ação Libertadora Nacional, e afirmaram que Bacuri havia sido levado da prisão para fazer o reconhecimento do corpo. Nessa operação, segundo as publicações da época, Bacuri tinha conseguido fugir e desapareceu.Ao ver a notícia impressa nos jornais, ele teve a certeza de que jamais sairia vivo da prisão – era o álibi que os militares precisavam para assegurar que Bacuri não estava sob jugo da ditadura e, sim, foragido.A triste ironia da história é que ele sequer andava. Graças à violência dos policiais, apenas quatro dias depois de ser preso o militante perderia para sempre o movimento das pernas".
Depois que passei a priorizar a causa do Cesare, no final de 2008, o Rui pôde voltar seus esforços mais para o Estado dos Emigrantes, que também foi uma bandeira erguida e popularizada principalmente (melhor seria dizer quase que exclusivamente) por ele.
Agora, entretanto, o Conselho do Emigrante, criado pelo Itamaraty, tem um presidente que, eleito "pelos votos obtidos (de) cerca de 0,01% da população emigrante", encarna "a ideologia da intolerância, do pensamento único e da mordaça, inspirada em processos inquisidores de regimes ditatoriais", afirma o Rui, uma das vítimas "do expurgo instaurado dentro do Conselho".
Recomendo a todos que leiam atentamente o candente artigo Clima de IPM no Itamaraty, repassem, divulguem por todas as formas e façam tudo que puderem para ajudar o bravo guerreiro Rui Martins, Ele merece.
No artigo Cumpra-se a sentença inteira, quatro destacados defensores dos direitos humanos (Anivaldo Padilha, Marcelo Zelic, Roberto Monte e Vicente Roig) exigem que o Estado brasileiro não se limite a publicar a decisão da Corte Interamericana sobre as torturas e execuções cometidas pela ditadura militar no Araguaia, mas vá ao fulcro da questão:
"A apuração dos fatos e a responsabilização dos culpados pelos assassinatos, torturas e desaparecimentos forçados, entendidos na jusrisprudência da Corte Interamericana como crimes de lesa-humanidade, TAMBÉM TEM DE SER cumprida pelo Estado".
Defendem:
- "o respeito aos tratados internacionais presentes em nosso ordenamento jurídico";
- a revisão da decisão do STF que validou a anistia autoconcedida pelos carrascos;
- a alteração da Lei de Anistia, com a aprovação do projeto de lei da deputada Luiza Erundina que lhe dá nova interpretação; e
- o "fim do sigilo eterno".
Segundo eles, "é impensável para os defensores de direitos humanos que o Governo de nossa presidenta Dilma Rousseff insista em remar contra a corrente da evolução dos direitos humanos e da luta contra os crimes de lesa-humanidade no continente e procure esconder embaixo do tapete a impunidade que tanto tem prejudicado nosso país!".
O site Megafone, com foco na cidadania e no jornalismo participativo, vai lançar nesta 2ª feira (20/06), em Foz do Iguaçu, o Nosso Tempo Digital. O projeto consiste na digitalização do acervo do jornal Nosso Tempo, publicação dos arquivos na internet e montagem de exposição.
Lançado em 3 de dezembro de 1980, com uma corajosa capa denunciando a tortura em órgãos de segurança da cidade, o semanário Nosso Tempo se tornou um marco da resistência jornalística à ditadura militar, com alcance nacional.
Faziam parte da equipe de editores e redatores do periódico os jornalistas Aluízio Palmar, Adelino de Sousa e Juvêncio Mazarollo.
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