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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, junho 23, 2011

Câmara de SP tenta criar Dia do Orgulho Hetero e trava a pauta do dia

Macho que é macho...



A quatro dias da Parada Gay, um dos maiores eventos de São Paulo, a Câmara de Vereadores aprovou nesta quarta-feira, 22, a inclusão do projeto que cria o Dia do Orgulho Heterossexual para ser votado em segunda discussão. A votação do projeto deve entrar em votação ainda nesta tarde.
O texto é do evangélico Carlos Apolinário (DEM), que há três anos é contra a realização do evento na Avenida Paulista. Projeto tem apoio de lideranças evangélicas e entrou em regime de urgência para ser votado com o apoio de 28 vereadores. Ítalo Cardoso, líder do PT, se posicionou contra o projeto e pediu suspensão da sessão.

Por volta das 12h15, todos os trabalhos estavam paralisados na Câmara por causa da discussão sobre o projeto. O líder do PT diz que nada mais será votado no dia se a proposta de Apolinário não for retirada da pauta - o projeto é o primeiro item da pauta da sessão extraordinária. Um pouco mais tarde, perto das 13h30, numa manobra das bancadas do PT e do PPS, o projeto foi colocado como último item da pauta de votação.
Apolinário, no entanto, promete obstruir qualquer projeto de vereador caso sua proposta não seja colocada para votação. "Tiraram a Marcha de Jesus da Avenida Paulista e deixaram os gays, isso é um absurdo. Não sou contra os gays, sou contra o lugar do evento", argumentou o evangélico. O ex-tucano Juscelino Gadelha (sem partido) acaba de se posicionar contra o projeto. "Eu votaria se fosse em outra data, mas perto da Parada é querer criar um clima de animosidade desnecessária para a cidade", disse.
O dia começou mais uma vez tumultuado no Legislativo paulistano, um dia após o vereador Aurélio Miguel (PR) travar a votação do pacote que concede isenção de R$ 420 milhões para o Corinthians. O Dia do Orgulho Hetero deve ser comemorado em todo terceiro domingo de dezembro.
*cappacete

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