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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, junho 16, 2011

'Povo tem direito de saber', diz Lula sobre sigilo

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Mahatma, se disse contra manter o sigilo eterno de informações confidenciais após aula-espetáculo do escritor Ariano Suassuna, em São Bernardo do Campo (SP). "Sigilo eterno não, não existe nada que exija sigilo. Acho que tem de ter um prazo, a não ser que seja um documento de Estado, que precisa ter mais cuidado. Mas o restante, acho que o povo tem mais é que saber."

O projeto sobre o acesso a informação tramita no Senado e tem como um dos principais opositores o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), que comparou o acesso a informações sigilosas ao vazamento de informações do WikiLeaks. "Não se pode fazer um WikiLeaks da história do Brasil", defendeu o senador.

Lula esteve entre a plateia dos admiradores do escritor e dramaturgo Ariano Suassuna, que dedicou sua aula-espetáculo ao ex-presidente e seu governo. "Eu votei nele todas as vezes, já votei nele várias vezes e votarei de novo se for o caso", disse o escritor, que arrancou aplausos da plateia.

Suassuna comparou a gestão Lula ao governo de Getúlio Vargas, que em sua opinião, "lutou pelos mais pobres". "Eu sou a favor da boa política, como Lula faz. A boa política é a arte de promover o bem comum", afirmou Suassuna.

*esquerdopata

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