Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, junho 30, 2011

A ansiedade neurótica dos fracassomaníacos

 

A Copa não é o diabo que pintam 
Nirlando Beirão 
A UDN, capitaneada pelo sinistro Carlos Lacerda, espalhou que Brasília fez do presidente Juscelino Kubitschek a sétima maior fortuna do mundo. Lacerda morreu milionário. JK morreu pobre.
Tem muita gente torcendo para que a Copa de 2014 seja um gol contra do Brasil. Dá para respirar no ar a ansiedade neurótica dos fracassomaníacos. O desejo doentio de reiterar nosso – cito Nelson Rodrigues – complexo de vira-latas.

Uma coisa é a gente exigir moderação nas despesas, honestidade nos gastos públicos, transparência nas prestações de contas. É fundamental que assim seja. Outra coisa é desqualificar de cara nossa capacidade de promover um evento de megavisibilidade internacional. Eu acredito que, seja como for, o Brasil pode fazer bem feito.

Os profetas do pessimismo têm certeza de que a corrupção endêmica dos políticos e dos cartolas do futebol vai redundar em catástrofe. Será – dizem – o império dos atrasos, da improvisação, da correria; tudo para escamotear a roubalheira.

A sociedade brasileira já tem controles suficientes para que isso não aconteça. Sugiro que os resmungões pensem nisso. Que Copa não é gasto, é investimento.

Tem também os que reclamam por razões esdrúxulas, periféricas. Entre estes os que murmuram contra o Itaquerão – escalado pela FIFA para sediar a abertura da Copa. Murmuram por mera dor de cotovelo: afinal, é o estádio do Corinthians. Reclamam hoje os mesmos que reclamaram quando o Corinthians muito legitimamente sugeriu à Prefeitura de São Paulo a transferência, em regime de comodato, do Pacaembu. Até editoriais nos jornalões foram escritos, veementes no ódio. Nas entrelinhas do fel, a mera paixão clubística.

Assisti na Record News uma noite dessa o debate na Câmara de Vereadores sobre a dotação do futuro estádio do Corinthians. O brutamontes de nome Aurélio Miguel investia seus argumentos de ex-judoca contra quem é a favor. Por que? Pela contundente razão de que Aurélio Miguel é torcedor do São Paulo. A isso é que se chama espírito público.

Um superestádio na periferia menos assistada da cidade não é um luxo, não é obra supérflua. É uma necessidade social, um investimento no bem-estar dos excluídos.

A discussão lembra Brasília. Diziam que criar uma capital federal no meio do nada, lá no cerrado, seria uma inutilidade e, claro, um convite à corrupção. Os arautos do apocalipse investiram com um furor descabelado.

A História tratou de ir revelando pouco a pouco os interesses que estavam por trás do susposto rigor moralista. O Globo, por exemplo, espumou de raiva. Queria porque queria que a nova Capital, quer dizer, os prédios oficiais e os palácios fossem transferidos do centro do Rio para a Barra da Tijuca e Jacarepaguá. Coincidentemente onde o Dr. Roberto Marinho, dono da Globo, detinha enormes propriedades fundiárias (o atual Projac vem daí). Mais uma prova de impoluto civismo.

A UDN, o principal partido da oposição, capitaneada pelo sinistro Carlos Lacerda, espalhou que Brasília fez do presidente Juscelino Kubitschek a sétima maior fortuna do mundo. Lacerda morreu milionário. JK morreu pobre.

*esquerdopata

Nenhum comentário:

Postar um comentário