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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, junho 30, 2011

PÚBLICO NO AUXÍLIO DO PRIVADO: RESSARCIMENTO DE PLANOS DE SAÚDE AO SUS BATE RECORDE NO PRIMEIRO SEMESTRE DE 2011

Como escrevemos em post recente, a saúde no Brasil está em estado delicado e grave, praticamente na UTI, quadro clínico que vale tanto para o setor público quanto para o privado. No entanto, por incrível que pareça, o SUS (Sistema único de Saúde) dá mostras de uma recuperação um pouco mais aparente do que a do setor privado.

Este último cobra um valor mensal da população em troca de rápido e bom atendimento médico, entretanto, não tem conseguido garantir o serviço para o qual é contratado. Prova disso é que segundo o Ministério da Saúde, os ressarcimentos ao SUS por parte dos planos de saúde pelo atendimento dos segurados em hospitais da rede pública somaram R$ 25 milhões até agora, mais do que o total recebido pelo SUS entre 2008 e 2010, como mostra notícia logo abaixo.

Ainda que o SUS tenha muito o que melhorar, o ideal em qualquer país desenvolvido é que o sistema de saúde público, bem como a educação, funcionem de forma saudável. É um absurdo ter que pagar para viver e aprender. Essa migração dos usuários de planos privados para o sistema público devido à falta de atendimento por parte do primeiro só beneficia o segundo. No entanto, aumenta ainda mais a exigência de que o setor público funcione de forma adequada, organizada e eficiente. O aumento de usuários pode ou não impulsionar essa melhora que, se vier, será em boa hora.

Veja trecho de notícia sobre o assunto publicada pela Agência Brasil:

Ressarcimentos de planos de saúde ao SUS batem recorde
Por Vinicius Konchinski
São Paulo – O valor pago por operadoras de planos de saúde ao Sistema Único de Saúde (SUS) pelo atendimento dos segurados em hospitais da rede pública bateu recorde no primeiro semestre deste ano. De acordo com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, os ressarcimentos ao SUS somaram R$ 25 milhões até agora, mais do que o total recebido pelo SUS entre 2008 e 2010.
Os planos de saúde devem ressarcir o SUS sempre que um dos seus clientes é atendido pela rede pública, e não por médicos e hospitais conveniados. Padilha disse que esses pagamentos estavam sendo feitos em ritmo lento. O governo, porém, pretende acelerar as cobranças “Queremos um ressarcimento crescente e, para isso, é fundamental o ajuste de um sistema de informação”, disse Padilha após participar da abertura da 16ª Conferência Municipal de Saúde de São Paulo.
Padilha informou que o Ministério da Saúde está trabalhando com a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que regula o funcionamento dos planos de saúde, para obter dados sobre todos os atendimentos a clientes das operadoras feitos pelo SUS. Ele disse que uma resolução da ANS já prevê que as guias de atendimento dos clientes de planos indiquem também a identificação deles no sistema do SUS, justamente para facilitar o ressarcimento.(Texto completo)
*educaçãopolítica

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