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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, junho 29, 2011

Que Luxo é a Guerra para USA

Tempestade no deserto. Mas com ar condicionado…

Tendas climatizadas numa base americana no Iraque: bilhões de dólaresO site Europa Press publica uma curiosa reportagem, dizendo que o ar-condicionado para as tropas dos EUA no Iraque e no Afeganistão tem um custo de 20,2 bilhões de dólares por ano, cerca de 14.150 milhões de euros, mais do dobro do orçamento da NASA.
A cifra, sempre absurda, passa a ser crível quando se considera uma década de guerra e centenas de milhares de soldados.
O custo seria derivado de gastos com condicionadores de ar, muitas vezes ligados a tendas individuais e do transporte de gás a partir destes dispositivos a lugares remotos, que envolve aviões, helicópteros e, sobretudo, escolta armada, segundo disse o disse o general reformado Steven Anderson à National Public Radio, dos EUA, em entrevista que você pode ouvir aqui, em inglês.
Anderson – que era o chefe da logística para o Iraque o general David Petraeus, agora comandante das forças dos EUA no Afeganistão -lembrou que, além destes custos, deve ser considerado que, para levar combustível para os geradores de eletricidade que alimentam os aparelhos, em lugares remotos do Afeganistão, a gasolina era aerotransportada a Karachi, no Paquistão, e daí enfrentava uma viagem de 800 milhas (1.300km) por estradas que, segundo ele, “eram trilhas de cabra melhoradas”.
A covardia desta querra da maior potência militar do planeta e seus recursos ilimitados contra populações miseráveis perdidas no deserto e nas montanhas não menos desérticas daquela parte do planeta é gritante até no ar que cada um respira.
O sol nasceu para todos, mas agora só esturrica os mais pobres.
*Tijolaço

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