Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, junho 29, 2011

A verdade sôbre os piratas da Somália


¡Piratas! from Juan Falque on Vimeo.


Um documentário imperdível sobre o badalado assunto da pirataria nas águas internacionais da Somália (leste da África). Como sempre, a imprensa internacional oculta as motivações e a realidade dos fatos noticiados. Antes disso, trata de criar versões mentirosas e distorcidas sobre um país que vive há anos em pleno "estado de natureza", numa insólita situação hobbesiana, sem governo estabelecido, em guerra civil permanente, fome generalizada, centenas de milhares de refugiados, guerra de raças, etc.
Como se isso não bastasse, a Somália ainda é vítima da pesca ilegal de grandes companhias, mas sobretudo, mais recentemente, serve de depósito de lixo tóxico e nuclear de empresas europeias e asiáticas. Veja tudo isso em 23 minutos deste importante documentário. Ao final, você verá que o alcance geopolítico e econômico do caso somali alcança muitos e importantes interesses das esgotadas economias centrais.
*comtextolivre

Nenhum comentário:

Postar um comentário