Contratos da Delta estão na web. E as ligações do Policarpo?
Quem achava – e, sobretudo, quem escrevia nos jornais – que a presidenta Dilma Rousseff estava temerosa do que a CPI do Cachoeira pudesse descobrir sobre os contratos da empreiteira Delta com o Governo Federal, vai ter de arranjar outra história para contar.Ela mandou e o Ministério dos Transportes colocou na internet todos os contratos entre Dnit e a empresa. Que vai ser auditada até à medula dos ossos.
Enquanto isso, continuam secretos os diálogos – seriam mais de 200 – entre o padrinho da Delta, aquele que a Veja chama de “empresário de jogos” e seu editor de escândalos, Policarpo Júnior.
Em matéria de transparência, o placar é de 100 a zero.
Por mais mistificação que se faça, os fatos vão deixando claro quem tem medo que aflore toda a verdade.
E ela vai surgir, revelando a central de conspiração Veja-Cachoeira, uma associação para obter vantagens. Econômicas para o bicheiro, políticas para a revista.
Uma relação de cúmplices que já dura quase uma década.
Agora, por mais que tente abafar, a Veja é a protagonista do escândalo. Um escândalo que vai deixar o caso Murdoch parecendo brincadeira de criança.
Chavez não “morre” e abre 19 pontos de vantagem
O presidente venezuelano participou de uma entrevista telefônica, hoje, desde Havana, onde está submetendo-se a mais uma etapa de tratamento radioterápico contra o câncer.
Chávez teve de, outra vez, desmanchar a boataria que se faz sobre seu estado de saúde e assegurou que o tratamento atual é “mantequilla” (manteiga) perto do que já passou.
– Parece que vamos ter que nos acostumar a viver com esses rumores porque são parte dos laboratórios da guerra psicológica, da guerra suja, disse ele
No mesmo dia, uma empresa de pesquisa ligada ao conservadorismo – a Hinterlaces – anunciou que Chávez abriu 19 pontos de vantagem sobre seu oponente, o direitista Henrique Capriles: 53% a 34% nas intenções de voto para as eleições de 7 de outubro.
Em fevereiro, logo após a escolha do candidato oposicionista o mesmo instituto apontava uma vantagem bem menor: 12 pontos, com 49% para Chávez e 37 % para Capriles.
No divã da Cantanhêde
Agora que não é mais especialista em aviação de caça, com a saída de Nélson Jobim do Ministério da Defesa, a colunista Eliane Cantanhêde, da Folha, dedida-se a um assunto mais estratosférico: a interpretação telepática da mente humana.
Sua coluna de hoje – leia aqui a transcrição feita pelo Paulo Henrique Amorim – traça um diagnóstico psicológico de “alta precisão” sobre o ex-presidente Lula.
“Dilma tem que administrar um dado político fundamental -o ego do padrinho.”
“Quanto mais Dilma acerta e cresce, mais ele alimenta a paranoia de que tentam “desconstruir a sua imagem”.
“Lula está absolutamente convencido
de que foi o melhor presidente da história da humanidade, mas os
adversários (entre os quais inclui a imprensa) não reconhecem.”
“Ele não suporta ver a sua criatura
se tornando mais admirada do que o criador. Sente-se injustiçado, senão
perseguido, e reage com mágoa e rancor.”
Impressionante. Isso é que é objetividade jornalística. Não é preciso
um fato, uma declaração sequer, nada. Nem mesmo uma horinha de divã foi
necessária para D. Cantanhêde traçar um perfil assim profundo da
personalidade ególatra e rancorosa de Luiz Inácio Lula da Silva.Sigmund Freud não faria melhor. Não sei como Cantanhêde não falou algo sobre D. Lindu, a mãe de Lula, para tornar mais precisa sua patética incursão pela psicanálise.
A colunista da “massa cheirosa” não pode ver em um operário – nem num ex-operário que chegou à Presidência – nada senão mesquinhez e baixeza.
Passa batido pelo fato de que Dilma foi candidata e elegeu-se pela força de Lula – e ninguém mais que a presidenta sabe e valoriza isso. E, muito menos, não percebe o óbvio: que Lula é o maior interessado em que Dilma continue acertando, porque – se resolver ser candidato - terá a seu favor uma presidenta extremamente bem avaliada pela população, como ela o teve em Lula em 2010.
Mas Cantanhêde vive num mundo povoado por Serras, Jobins e FHCs, onde a vaidade e a egolatria são os combustíveis de mentes sem compromissos com a massa mal-cheirosa.
E acaba julgando a todos pelos mesmos critérios e pelos critérios que lhe ditam seus próprios sentimentos e conceitos.
É realmente um caso de psicanálise, não de jornalismo político.
*tijolaço
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