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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, junho 02, 2011

Falar tornou-se dever político para Palocci

Uma crise não se resolve sozinha. Ela tem de ser desatada.
A esta altura, só uma pessoa pode, com total liberdade, resolver a crise criada em torno do ministro Antonio Palocci.
Chama-se Antonio Palocci.
Para o bem ou para o mal, ele tem, como todo homem público, de se expor quando percebe que  está sendo usado contra o projeto político do qual participa.
Repito o que sempre disse aqui: não há, até este momento, nenhum ato que se possa afirmar irregular do Ministro. Até porque tudo o que se noticiou até agora ocorreu durante seu mandato como deputado e, até prova em contrário, deu-se dentro dos limites legais.
Se não o foi, é coisa que está por se provar.
Mas o silêncio do Ministro não pode mais prevalecer sobre o deve de enfrentar esta crise.
Muitos setores do seu partido, o PT, estão vacilando em assumir sua defesa, talvez por não entenderem que os ataques a ele são, na verdade, ataques ao Governo Dilma e ao projeto que Lula representa.
A Presidenta Dilma e Lula jamais o deixaram em situação difícil. Jamais lhe disseram “eu não vou me desgastar por você”.
Muito ao contrário.
Merecem o mesmo de sua parte.
O Ministro Palocci, à medida em que esta crise avançou passou a ter, politicamente, mais que do que o direito, a ter o dever de se defender. Se confirmada, a notícia de que ele irá falar publicamente sobre o assunto é a melhor atitude de sua parte.
Os que acompanham o Tijolaço sabe que não vacilamos, aqui, em assumir a defesa do Governo Dilma.
É  justo esperar que os que o integram façam o mesmo.
*tijolaço

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