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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, abril 23, 2012

Datafo: tempestade sobre a cabeça de Serra 

 



Está fechando o tempo sobre Serra na disputa à prefeitura Paulistana. Dois dados colhidos da mais recente pesquisa Datafolha desta última semana de maio mostram um quadro preocupante para a almejada vitória do candidato.


O menos grave deles, ainda que perturbador aos que suportam a candidatura do ex-governador, é o fato de que Dilma bateria o cabeça de chapa tucano por 56% a 21% se as eleições presidenciais fossem hoje.
Mesmo considerando que os números refiram-se ao País como um todo e não exclusivamente a São Paulo, é de supor-se que haja diferença igualmente ampla a favor da presidente no município.


A vantagem da presidente vis-à-vis seu ex-contendor é tão mais preocupante para Serra quando levado em consideração que também nesta pesquisa a mandatária alcança elevados 64% de índice de ótimo e bom entre os eleitores, sendo pelo menos 55% entre os extratos sociais com renda superior a 10 salários mínimos e com nível superior de escolaridade, exatamente o segmento junto ao qual o PSDB tem sua fatia mais fiel de votantes.


Faz soar todas as sirenes do palácio dos bandeirantes, no entanto, outro dado ainda mais relevante para as pretensões tucanas de que o partido volte ou mantenha-se - como é o caso – no comando da prefeitura de São Paulo: a preferência de 60% de eleitores de Serra por Dilma Russef numa eventual nova eleição.


O número é coerente com o de outras pesquisas que haviam colhido o mesmo movimento de migração de preferências, entre o eleitorado tucano do ex-governador, para a presidente da Republica.


Como Dilma Russef será um dispositivo importante na campanha do candidato Haddad na campanha que se aproxima, há muito que temer diante da hipótese de reprodução de um segundo turno das eleições presidenciais agora em São Paulo, cujo desfecho a pesquisa publicada parece antecipar.


O tempo fecha literalmente sobre o acuado Serra, sobretudo se outra revelação da pesquisa for também computada às tendências de voto das classes altas: a do eleitorado de baixa renda, que disse preferir na proporção de 57% a 32% a candidatura de Lula para presidente da República ao invés de Dilma.


Sendo Lula o dispositivo principal do candidato Fernando Haddad, que contará também com Dilma em palanque, Serra vê-se na contingência de ou sair correndo na tempestade que se aproxima e ser arrastado pelas águas do voto popular ou então permanecer escondido nos bairros nobres da cidade e ser eletrocutado ali mesmo pela alta vontagem do raio do voto escolarizado
do blog Brasil que Vai


*BrasilMobilizado

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