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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, abril 17, 2012

Massacre de Eldorado dos Carajás completa 16 anos de impunidade

Os anos 90 marcaram de sangue a história do Brasil. A chamada década perdida, mergulhada no neoliberalismo que castigou toda a classe trabalhadora, registrou episódios que chocaram o mundo inteiro, como o massacre do Carandiru, a chacina da Candelária e o massacre de Eldorado dos Carajás.
Nesta terça-feira (17) completam-se 16 anos do massacre que tirou a vida de 21 trabalhadores rurais que lutavam pelo direito à terra, assassinados durante uma ação militar na BR 115, no Pará, mais precisamente na chamada “curva do S’, consolidando a chacina que  ficou conhecida como massacre de Eldorado dos Carajás.

O maior conflito agrário registrado no país, que expôs a violência que existe no campo e que atinge os trabalhadores rurais em luta pela posse da terra, que  infringiu todas as bases dos direitos humanos continua impune.
Nenhum dos policiais envolvidos no crime foram presos e os dois comandantes da polícia militar que coordenaram a ação, mesmo condenados a 220 anos de prisão,  continuam em liberdade.

Em memória aos camponeses mortos e exigindo justiça  todos os anos, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realiza a Jornada Nacional de Lutas por Reforma Agrária justamente no mês de abril, sendo o abril vermelho do MST.

A importância da data não se resume apenas ao MST e ao o massacre de Eldorado dos Carajás. À época, o episódio teve impacto em todos os movimentos sociais e sindicais. “A data é simbólica, pois representa a história de luta em prol da reforma agrária e a Secretária de Políticas Sociais da CTB se solidariza e expressa total apoio ao MST nessa jornada de lutas e em todas as manifestações e ações do movimento em defesa da terra”, afirmou Carlos Rogério Nunes, secretário de Políticas Sociais da CTB.

Dia de Luta

Por conta da triste efeméride, o 17 de abril se tornou, em todo o Brasil, o Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária. De Norte a Sul do país, trabalhadores rurais sem-terra estão mobilizados para exigir uma política mais ousada do governo federal.
Em texto divulgado à imprensa nesta terça-feira, o MST reafirma suas críticas ao governo de Dilma Rousseff e cobra medidas que atendam às demandas por terra no país. “Só é possível acabar com a pobreza com a realização da reforma agrária e por meio de políticas para o desenvolvimento dos assentamentos. A reforma agrária, casada com um programa de agroindustrialização da produção, é a resposta para enfrentar a pobreza, porque gera renda, cria empregos e aumenta a produção de alimentos”, diz o texto.

Paula Farias, com informações do MST
*turquinho

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