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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, julho 18, 2010

Mercadante: presídios de SP estão entregues ao crime








Mercadante: presídios de SP estão entregues ao crime
Ao lado do ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, e do secretário nacional de Segurança Pública, Ricardo Balestreri, o candidato do PT ao governo de São Paulo, Aloizio Mercadante, afirmou neste sábado (17) que o Estado paulista delegou a segurança dos presídios às facções criminosas.
Segundo ele, "é incrível ouvir daqueles que tiveram a chance de fazer e não fizeram de falar em criação de um ministério da Segurança Pública", disse ele, se referindo ao ex-governador de São Paulo e candidato à presidência da República, José Serra (PSDB).

Durante a campanha eleitoral, por mais de uma vez, José Serra falou da sua intenção de criar um Ministério da Segurança Pública caso seja eleito.

Mercadante participou de um debate em Campinas sobre o programa de segurança pública para São Paulo, que está sendo elaborado pelo PT para a sua campanha.

O candidato fez diversas críticas ao governo do PSDB em São Paulo e afirmou que durante a gestão de Fernando Henrique Cardoso à frente da presidência da República (1995-2002), foram nove os ministros da Justiça que ocuparam a cadeira.

"Nós tivemos três, o Márcio Thomaz Bastos, o Tarso Genro, que se licenciou para se candidatar, e agora o Luiz Barreto, que é um funcionário de carreira. Eu quero ser um governador de equipe e não que sabe tudo, como muitos por aí", disse.

De acordo com o candidato, uma das propostas que está em discussão para o programa é a separação de presos em quatro níveis de acordo com seu grau de periculosidade. Mercadante também disse que se eleito mandará os presos mais perigosos do Estado para presídios federais.

Segundo o petista, está chegando ao fim um ciclo, já que depois de 16 anos no governo, o PSDB está "muito acomodado".

Na mesma linha de críticas à gestão da segurança pública em São Paulo, o secretário nacional de Segurança Pública, Ricardo Balestreri, disse que estava no evento não em caráter oficial, mas como militante político, como homem de esquerda.

"Tenho grande expectativa e esperança de ter Mercadante no governo de São Paulo. Quero ser franco e São Paulo deve a si mesmo e ao Brasil por ter escolhido mal os seus governantes estaduais. Governantes tão ruins como os que temos em São Paulo nos últimos anos", disse.

Segundo ele, é preciso que São Paulo reate as relações com o governo federal. "Isso começa no setor de intelegência, onde o governo de São Paulo não tem participado dos nossos principais projetos".

Balestreri aproveitou para criticar Geraldo Alckmin (PSDB), adversário de Mercadante. "No governo Alckmin (2003-2006) ocorria uma insuportável falta de relações com o governo federal. Exerceu-se uma política burra de enfrentamento ao governo federal".

"Sugiro em todas as partes do Brasil que Mercadante supere um trauma histórico, que é a falta de profissionalismo na gestão. É preciso parar de fazer politicagem na segurança pública", completou.

O secretário disse ainda que não adianta ficar "felizinho" com a queda dos homicídios em São Paulo, o que ele disse ser pouco.

Mais comedido, o ministro da Justiça afirmou que é necessário melhorar a relação institucional com o governo paulista. "Queremos uma melhor articulação institucional. Essa é a melhor forma de combater o crime", disse.

Ele também criticou Serra pela intenção de criar um Ministério da Segurança Pública. "Criar órgão resolve o problema se segurança pública. Nunca resolveu. Nós já temos um que é o Ministério da Justiça", disse.

dovermelho

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