Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, abril 20, 2012

No PDT, o último a sair que apague a luz

 

 do Um Sem Mídia
Reportagem de Juliana Castro, em O Globo, mostra que a volta de Carlos Lupi à presidência do PDT, em janeiro deste ano, após o escândalo que o derrubou do Ministério do Trabalho, foi a gota d’água para militantes históricos do partido.
Em reunião no último dia 14, no Rio, integrantes do Movimento de Resistência Leonel Brizola resolveram que vão pedir desfiliação da legenda nos próximos dias. A debandada, dizem eles, pode chegar a 40 pessoas. Alguns estão no PDT desde a fundação, há mais de 30 anos. Entre aqueles que entraram na fila da saída, está João Leonel Brizola, sobrinho do ex-governador Leonel Brizola.
O objetivo é fazer uma saída coordenada, com o lançamento de um manifesto com fortes críticas à atuação do comando do partido e ao que chamam de “práticas lupistas”.
- Não há como se manter sob a liderança de um Carlos Lupi, uma pessoa incompetente e que não tem moral – diz João Leonel Brizola, afirmando ainda que presidente do PDT é uma pessoa desqualificada.
Segundo ele, o desânimo é total ao ver que nomes como o do deputado federal Miro Teixeira (RJ) e o senador Pedro Taques (MT) continuam no partido, sob a liderança do ex-ministro do Trabalho.
- Brizola era um líder, não era um homem de acordos e negociatas – completou, ao lembrar as diferenças dos comandos de Lupi e Brizola.
Outros herdeiros de Brizola, como os irmãos Juliana, Carlos e Leonel, ainda continuam do partido, porém já se unem para tentar tirar a presidência de Lupi.
Além do sobrinho de Brizola, estão de saída Vivaldo Barbosa, ex-secretário de Justiça do governo Brizola, o ex-deputado José Maurício e Ronald Barata, ex-presidente do Sindicato dos Bancários do Rio.
- Nós vamos agora procurar articular a formação de uma frente de esquerda para atuar daqui para frente – diz Vivaldo Barbosa, no partido desde 1981.
Procurado para falar sobre as críticas do grupo, Lupi evitou comentar o assunto: “Eu acho que no processo democrático você faz o que quiser, desde a critica até a saída do partido”.
*GilsonSampaio

Nenhum comentário:

Postar um comentário