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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, abril 23, 2012

O salário mínimo da Venezuela é o maior da América Latina

do Vermelho
O presidente Hugo Chávez anunciou o aumento do salário mínimo na Venezuela a vigorar a partir de primeiro de maio próximo. Será de 2.047,52 bolivares, que somado com os 950 bolivares referente ao ticket alimentação obrigatório para essa faixa de salário totaliza 2.997,52 bolivares (equivalente a 697,09 dólares). 
Somado ao beneficio que eles denominam de "aguinaldos”, que representa mais três salários adicionais anuais (também obrigatório), teremos então um salário total anual de 44.962,80 bolívares (10.456,46 dólares anuais). A média de ganho mensal de um trabalhador de salário mínimo na Venezuela a partir de maio será, portanto, de 3.746,9 bolivares (871,37 dólares) – o que representa ser o mais alto da América Latina. 
Ressalta-se também que apenas 21% dos trabalhadores assalariados da Venezuela ganham salário mínimo (quatro milhões de trabalhadores) e que nessa ação governamental serão injetados na economia o equivalente a quatro bilhões de dólares anuais (via renda petroleira) o que é algo muito significativo.
Enquanto isso, no Brasil, que tem uma economia 6.5 vezes maior que a Venezuela (medida pelo PIB –Produto Interno Bruto), o salário mínimo tem um valor de 622 reais, ou seja, 8.086 reais anuais (incluindo aí o 13º salário), o que perfaz 4.371 dólares anuais, representando apenas 41% do existente na Venezuela.
Pesquisa feita a nível mundial pelo Gallup traz a surpreendente informação de que a Venezuela é o quinto país mais feliz do mundo. Como essa curiosa pesquisa foi realizada por uma instituição dos Estados Unidos e que coloca o próprio país em 12º lugar, pode ser algo significativo, já que mostra o estado de ânimo da população nos dois países (nos Estados Unidos envolto em crise econômica, desemprego, guerras etc., etc.; e na Venezuela, funcionando a todo vapor as políticas públicas de distribuição de renda, envolta por uma revolução que tem um nítido caráter antineoliberal e pro-socialista e com uma liderança política que tem grande apoio popular).
Na Venezuela, a alta estima do povo caminha a todo o vapor - fato esse que por si só contribui para o desenvolvimento socioeconômico do país. Distribuir renda para as maiorias populacionais e gradualmente acabar com as injustiças sociais é possível, bastando para isso que haja decisão política arrojada por parte dos governantes que deverá sempre estar respaldada pelo poder popular inserido numa democracia participativa e protagonista. E nessa perspectiva a Venezuela tem muito que ensinar aos grandes países da América Latina (Brasil, México e Argentina).
*Opensadordaaldeia

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