Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, março 16, 2013


Quatro jornalistas e ex-jornalistas do Mirror Group Newspaper foram presos nesta semana na Inglaterra por possível envolvimento em grampo ilegal de telefones celulares no Reino Unido. Três homens e uma mulher estão detidos. Segundo a Polícia Metropolitana de Londres, eles estão arrolados no inquérito que investiga a interceptação de mensagens eletrônicas entre 2003 e 2004, que teria atingido diversas personalidades inglesas, inclusive da família real.

Foi a primeira prisão de jornalistas e ex-jornalistas do grupo de comunicação por escutas ilegais, um escândalo que se concentrava no News of the World, de Rupert Murdoch, jornal que o magnata australiano das comunicações fechou em 2011, depois da série de denúncias sobre esta espionagem.

Nesta 5ª feira (ontem), o primeiro-ministro David Cameron anunciou o fim "sem chegar a um acordo" da série de reuniões para debater um novo sistema de regulação de imprensa no país. Cameron comemorou porque, segundo ele, legislar sobre isso seria "um equívoco", já que colocaria em perigo a liberdade de imprensa no país.

Essa posição de Cameron não é consensual e é inevitável que o caso Mirror aumente a pressão por uma regulação da mídia escrita na Inglaterra, já que a autorregulação existente lá (e defendida pelos nossos barões da mídia no Brasil) se mostrou inócua e farsesca.

No Brasil, processo dessa natureza anda a passo de tartaruga

Já aqui no Brasil andam a passo de tartaruga o processo sobre a tentativa de invasão do meu apartamento no Hotel Naoum (quando eu ali mantinha escritório político, em Brasília) pelo repórter de Veja Gustavo Ribeiro e o do roubo pela revista das imagens das pessoas entrando e saindo do meu escritório. E simplesmente colocaram uma pedra em cima do caso Policarpo-Cachoeira, as estreitas relações que o diretor da sucursal de Veja em Brasília, Policarpo Jr., manteve com o contraventor Carlos Cachoeira.

Coisas estranhas e inexplicáveis aconteceram com o processo por invasão de minha privacidade, que corria em Brasília contra o repórter da Veja. O delegado Edson Medina de Oliveira, que presidiu o 1º inquérito e indiciou o repórter, recomendando ainda ao Ministério Público Distrital que seguisse com o processo na Justiça, foi intempestivamente e sem qualquer explicação afastado da 5ª Delegacia de Polícia da capital federal.

O promotor Bruno Osmar Freitas pediu o arquivamento do caso, o juiz Raimundo Silvino da Costa Neto acatou o pedido e o processo foi encerrado. O promotor e o juiz entenderam que não teria havido o crime de invasão de privacidade porque o repórter, denunciado por uma camareira do hotel, acabou fugindo pela escada do prédio, antes de ser pego pelos seguranças, colocados em seu encalço pelo gerente do Naoum, Rogério Tonatto.

Novo inquérito trata de outro assunto

Um novo inquérito instaurado trata de outra coisa: do roubo das imagens das pessoas entrando e saindo do meu escritório no Hotel Naoum. Segundo áudios da Operação Monte Carlo da Polícia Federal (que resultou na prisão de Cachoeira), houve negociações entre o bicheiro Carlinhos Cachoeira, arapongas que lhe prestavam serviço e o diretor da Veja em Brasília, Policarpo Júnior, para que as imagens captadas pelas câmaras do sistema de segurança do hotel pudessem ser utilizadas pela reportagem publicada pela revista sobre minhas atividades na semana seguinte à tentativa de invasão do meu escritório.

O que é importante ressaltar é a dificuldade para se levar ao devido termo um processo contra a revista e jornalistas, mesmo que o inquérito tenha sido feito e que os fatos tenham sido devidamente documentados, ficando evidente a tentativa da realização do crime, com autoria conhecida e tudo. Por enquanto, o que temos de real neste caso é que aqui no Brasil o processo está emperrado e os dois jornalistas nem sequer foram convocados a depor.
do Blog do Briguilino http://wwwcutucandodeleve.blogspot.com.br
*Justiceiradeesquerda

Nenhum comentário:

Postar um comentário