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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, novembro 03, 2013

Socialismo: Maioria dos russos quer a volta da União Soviética

“Com o fim da União Soviética minha vida desmoronou. Antes eu vivia bem, podia sair de férias, podia passear nas montanhas. Hoje, não posso nem visitar meu irmão em outra cidade”. Essa declaração, do Sr. Evgueni, 49 anos, trabalhador da limpeza urbana de Moscou, mostra bem o sentimento da maioria dos russos em relação ao fim da URSS.

Em pesquisa realizada neste -21/02/13-mês pelo Instituto Levada de Moscou, 61% dos russos querem a volta da União Soviética. Na verdade, esse desejo é muito mais que um sentimento saudosista, pois outra pesquisa da WPO revela que nada menos 85% dos russos são favoráveis a reestatização das várias das empresas privatizadas, principalmente do setor energético/petrolífero.

Passados 15 anos do golpe que derrubou a URSS, a população percebe claramente a drástica queda em seu padrão de vida e sofre na pele as conseqüências do regresso ao capitalismo. As promessas de mais desenvolvimento e liberdade feitas pelos defensores do capitalismo hoje estão completamente desmoralizadas. Em 2002, mais de um terço (36,2%) da população economicamente ativa estava desempregada, e a Rússia era, ao lado dos EUA, o país com o maior número de presidiários (7,3 por mil habitantes). Apesar de nos faltar uma pesquisa mais recente é muito pouco provável que tenha havido uma mudança significativa nesses números.

De uma nação soberana e admirada por todo o mundo, a Rússia tornou-se um país governado por máfias que se apoderaram primeiro do Partido Comunista e depois de todo o Estado, e o transformaram em uma máquina de enriquecimento pessoal.

Diante de tudo isso, a aposentada russa, Natalia Kokoreva, 60 anos, resume bem o que pensam os russos: “Não temos nada o que comemorar”.
Humberto Lima
*http://www.jcabrasil.org/2013/04/socialismo-maioria-dos-russos-quer.html

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