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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, junho 01, 2011

A marcha mais bonita da cidade a Marcha da Liberdade





Eis a Marcha da Liberdade. Para todas as pessoas que não calam e que ainda acreditam na liberdade de expressão. Para todos os movimentos sociais, por moradia, por terra e por uma vida melhor. Contra o racismo, contra a homofobia. Para todas associações de bairros, partidos, anarcos, usuários, oprimidos em geral. Ligas, correntes, grupos de teatro, dança, vagabundos, grafiteiros, operários, feministas, coletivos sonoros, vítimas de enchentes, corjas de maltrapilhos e outros afins.

Para todos aqueles que condenam a brutalidade. Todas organizações, coletivos, blocos, bandos bandas que não calam diante da criminalização dos movimentos sociais e da pobreza.

Todos e todas que não suportam mais violência policial repressiva. Que não aguentam mais a caretice proibicionista que proíbe atos, festas e boemias. Que constrói rampas anti-mendingos. Que patrocina uma polícia assassina e violenta.

Que tenta calar a marcha da maconha e não coíbe os skinheads, nazistas de continuarem a agredir LGBTs, nordestinos, pretos e outras maiorias.

Que reprime trabalhadores e professores. Que aumenta o valor do transporte público. Contra a ditadura demotucana, democratizadora da infelicidade e do caos. Vinte anos no poder, sessenta anos de cacetete e bala. Basta!

“Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e ninguém que não entenda.” – Cecília Meireles
* A Marcha da Liberdade

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