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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
sábado, novembro 02, 2013
O projeto de lei que legaliza a compra, venda e o cultivo de maconha no Uruguai será votado em meados de novembro no Senado, onde tem grandes chances de aprovação, e por isso pode entrar em vigor antes mesmo de dezembro, informaram nesta terça-feira fontes legislativas.
“O projeto está sendo debatido por uma comissão do Senado, mas já está certo submetê-lo à votação em torno de 15 de novembro, sem modificações e, como veio da Câmara dos Deputados, ficará pronto para a ratificação presidencial assim que for aprovado pelo Senado”, explicou à Agência Efe Luis Gallo, senador do partido governista Frente Ampla.
O político foi na contramão das versões que apontavam que a norma seria modificada devido a um possível problema de inconstitucionalidade, o que a obrigaria a ser revista pela Câmara dos Deputados, que a aprovou em primeira instância em 31 de julho deste ano. O projeto, além de legalizar a circulação da droga, estabelece a criação de um órgão estatal regulador encarregado de emitir licenças e controlar a produção e a distribuição.
“Surgiu a dúvida porque a iniciativa cria um organismo regulador com um cargo de diretor, e a Constituição proíbe a criação de cargos públicos um ano antes das eleições. Mas não é assim, já que esta será uma instituição amparada no direito privado e, portanto, seus funcionários serão todos privados”, explicou o senador.
Os consumidores, previamente registrados, poderão comprar o máximo de 40 gramas por mês em farmácias habilitadas ou cultivar em casa até seis plantas que produzam até 480 gramas por colheita.
No fim de semana passado, o secretário-geral da Junta Nacional de Drogas, Julio Calzada, afirmou à imprensa que o novo sistema entrará em vigor como previsto no segundo semestre de 2014. Ele adiantou que o preço do grama de maconha será equivalente a US$ 1 para que “possa competir” com os traficantes.
“Estamos falando que o preço hoje da maconha paraguaia, a que costuma ser vendida aqui, custa cerca de US$ 1 o grama. Por isso, colocaremos a droga produzida sob controle estatal também neste preço”, declarou o secretário-geral.
*coletivoDAR
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