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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, setembro 17, 2013

A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL CIBERNÉTICA JÁ COMEÇOU


A guerra é travada no campo da inteligência e informação

Brasil: guerra cibernética e soberania


A guerra cibernética é a "guerra do futuro", como bem alertou o ministro da Defesa, Celso Amorim. Pode-se dizer, aliás, que é a guerra do presente - basta lembrar que hackers de Estados Unidos, China, Rússia, Israel e Irã, entre outros, já há algum tempo travam batalhas virtuais, sabotando sistemas e gerando danos para a economia de seus antagonistas. Por essa razão, Amorim acredita que o Brasil tenha de se preparar para esse desafio.


Não se pode aceitar que a definição de estratégias de defesa seja submetida, por princípio, a ínteresses de terceiros países. No entanto, Amorim acredita ser necessário sujeitar as diretrizes brasileiras na guerra cibernética aos objetivos dos parceiros na América do Sul.

 

Amorim falou até mesmo em uma "doutrina" sul-americana de defesa cibernética, criando uma instância supranacional.


  A título de combater as supostas ameaças representadas pelos Estados Unidos e seus abrangentes serviços de espionagem, a presidente Dilma Rousseff pediu urgência na aprovação do Marco Civil da Internet projeto que, no entanto, nada tem a ver com a arapongagem americana, pois seu único objetivo é garantir o livre trânsito de informação e a neutralidade da rede

 

Para justificar as iniciativas do governo, Amorim alertou: "Alguém me dizia hoje que o Brasil e a Argentina respondem por 40% do mercado da soja mundial, e as reservas de água doce dos aquíferos. Nós nunca seremos capazes de defender esses recursos se não fizermos uma adequada defesa cibernética".

Ministro Celso Amorim quer software brasileiro para a defesa

 

E a versão atualizada da verdade segundo a qual os americanos cobiçam nossos recursos. A presidente Dilma, disse Amorim, ficou particularmente preocupada com a proteção da reserva do pré-sal, ante a suspeita de que os americanos estariam espionando a Petrobrás, e "recomendou interesse redobrado nas questões de defesa e projetos estratégicos".

 
Segundo Amorim, a única solução para o problema é desenvolver um software nacional de defesa. "Não adianta achar que vamos proteger nossas vulnerabilidades comprando software de outros países", disse o ministro. No entanto, segundo um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) publicado em julho, a capacidade das empresas nacionais para esse fim ainda é muito pequena, de modo que será preciso fazer pesados investimentos.

 

O problema é que o Brasil gastou neste ano menos de 10% do orçamento previsto para a defesa cibernética, e grande parte desse valor foi usada para comprar itens que nada têm a ver com segurança virtual.

É evidente que o Brasil precisa desenvolver um sistema de defesa cibernética à altura de sua importância econômica e política. Mas, a depender do atual governo, a infraestrutura de rede no Brasil continuará a estar, conforme diagnóstico do Ipea, entre "as mais vulneráveis e desprotegidas do mundo", O estudo do Ipea adverte ainda que até hoje o Brasil não tem um documento que "estabeleça as diretrizes próprias de uma estratégia nacional para a defesa cibernética". Em tema tão relevante, trata-se de uma situação inadmissível.
Fonte: Estadão/ Free ilustration by: militanciaviva!

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