BRASÍLIA, 17 Set (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff adiou nesta terça-feira a visita de Estado que faria a Washington em outubro, por considerar que ainda não foi alcançada uma "solução satisfatória" para as denúncias de espionagem pelos Estados Unidos de comunicações pessoais da presidente, de empresas e cidadãos brasileiros.
Dilma decidiu adiar a viagem em comum acordo com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, apesar de ter mantido uma conversa de 20 minutos por telefone com ele na noite de segunda-feira numa última tentativa de salvar a viagem.
A decisão da presidenta, anunciada em nota divulgada pelo Palácio do Planalto, é um duro golpe nas relações entre Brasil e Estados Unidos, que melhoraram sensivelmente desde a posse de Dilma em 2011, mas foram abaladas pelas denúncias de que a Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA) espionou emails, mensagens de texto e telefonemas entre a presidente e assessores.
"Tendo em conta a proximidade da programada visita de Estado a Washington --e na ausência de tempestiva apuração do ocorrido, com as correspondentes explicações e o compromisso de cessar as atividades de interceptação-- não estão dadas as condições para a realização da visita na data anteriormente acordada", disse a Presidência em nota.
"Dessa forma, os dois presidentes decidiram adiar a visita de Estado, pois os resultados desta visita não devem ficar condicionados a um tema cuja solução satisfatória para o Brasil ainda não foi alcançada."
A Casa Branca também anunciou que a visita fora adiada. O presidente Obama disse, segundo um porta-voz, que entende e lamenta as preocupações que supostas atividades de inteligência dos EUA geraram no Brasil e deixou claro que está empenhado em trabalhar em conjunto com Dilma e seu governo nos canais diplomáticos para superar a questão.
Apesar do anúncio de adiamento dos dois governos, duas fontes com conhecimento da decisão tomada por Dilma disseram que a viagem dificilmente acontecerá em breve.
Denúncias feitas com base em documentos vazados pelo ex-prestador de serviços da NSA Edward Snowden e publicados pela mídia brasileira revelaram que a agência norte-americana usou programas secretos de vigilância da internet para monitorar as comunicações no Brasil. Alegações recentes afirmam que as comunicações pessoais de Dilma e a Petrobras também foram alvo de espionagem dos EUA.
As denúncias enfureceram Dilma, que exigiu explicações de Obama quando ambos se encontraram durante a reunião do G20 neste mês na Rússia. As revelações também arranham os esforços de anos para melhorar as relações entre as duas maiores economias das Américas.
Dilma tomou a decisão de adiar a viagem para os EUA, marcada para 23 de outubro, depois de se reunir com o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, que na semana passada viajou a Washington para discutir as denúncias de espionagem com a conselheira de Segurança Nacional de Obama, Susan Rice.
Em breve comunicado após o encontro entre Rice e Figueiredo, a Casa Branca disse que as alegações recentes "levantaram questões legítimas em nossos amigos e aliados" sobre a inteligência norte-americana, sem fazer um pedido de desculpas a Dilma.
Autoridades norte-americanas afirmam que o monitoramento realizado pela NSA tem o objetivo de detectar atividades suspeitas de terroristas e não de bisbilhotar comunicações internacionais.
O governo brasileiro, no entanto, rejeitou o argumento de Washington de que os EUA buscam apenas reunir informações críticas para a segurança nacional dos EUA. O Brasil é uma democracia pacífica sem histórico de terrorismo internacional ou acesso a armas de destruição em massa.
A visita de Estado de Dilma era a única do tipo oferecida pelo governo Obama neste ano. A viagem tinha o objetivo de servir como plataforma para acordos nas áreas de exploração de petróleo e tecnologias de biocombustível, além da potencial compra pelo Brasil de caças de combate fabricados pela norte-americana Boeing.
Dilma tem viagem marcada para o fim deste mês aos EUA para participar da Assembleia-Geral da ONU em Nova York.
(Reportagem de Anthony Boadle e Brian Winter)
*Yahoo
Espionagem isola e ridiculariza os EUA
17 de setembro de 2013 | 17:48
A imagem aí de cima, com o impagável título de ”Adivinhe quem NÃO vem para o jantar” é a capa da editoria internacional do Huffington Post,
o mais importante blog dos Estados Unidos. Fui ler os comentários – de
americanos, claro – e impressiona o apoio que tem a atitude de Dilma.
Mas hoje houve um dado mais evidente da condenação mundial a que estão submetidos os EUA com sua atitude de violar as comunicações e a soberania dos países.
O Parlamento europeu aprovou a indicação do ex-agente Edward Snowden para o Prêmio Sakharov para a Liberdade de Pensamento, considerado o principal prêmio europeu de direitos humanos, pela revelação dos esquemas usados pela National Security Agency.
O The New York Times diz que a indicação de Snowden é “quase tão importante como o voto contra ações militares na Síria”. O jornal afirma que ela “exerce um grande peso simbólico e ilustra flagrantemente o abismo que os vazamentos abriram entre os Estados Unidos e seus aliados, e não apenas países europeus, mas também do Brasil, México e outros países que têm sido espionados o pela NSA.”
O discurso de Dilma na ONU vai encontrar um mundo ávido por atitudes contra esse absurdo.
Por: Fernando Brito*Tijolaço
Mas hoje houve um dado mais evidente da condenação mundial a que estão submetidos os EUA com sua atitude de violar as comunicações e a soberania dos países.
O Parlamento europeu aprovou a indicação do ex-agente Edward Snowden para o Prêmio Sakharov para a Liberdade de Pensamento, considerado o principal prêmio europeu de direitos humanos, pela revelação dos esquemas usados pela National Security Agency.
O The New York Times diz que a indicação de Snowden é “quase tão importante como o voto contra ações militares na Síria”. O jornal afirma que ela “exerce um grande peso simbólico e ilustra flagrantemente o abismo que os vazamentos abriram entre os Estados Unidos e seus aliados, e não apenas países europeus, mas também do Brasil, México e outros países que têm sido espionados o pela NSA.”
O discurso de Dilma na ONU vai encontrar um mundo ávido por atitudes contra esse absurdo.
Por: Fernando Brito*Tijolaço
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