Jornalista que atacou médicas cubanas é processada
Jornalista
Micheline Borges vai responder a um processo por danos morais na
Justiça em razão das críticas postadas no Facebook à aparência das
médicas cubanas contratadas para atuar no interior do País
Micheline excluiu seus perfis das redes sociais depois de postar o comentário acima (Reprodução – Facebook) |
Com base em uma ação movida por uma ex-empregada doméstica, a
jornalista potiguar Micheline Borges vai responder a um processo por
danos morais na Justiça em razão das críticas postadas no Facebook à aparência das médicas cubanas
contratadas para atuar no interior do País por meio do programa Mais
Médicos. Em sua página da rede social, Borges manifestou receio sobre a
capacidade das profissionais estrangeiras porque, segundo ela, teriam
“cara de empregada doméstica”. No post, publicado em 28 de agosto, após a
chegada dos médicos estrangeiros ao País, a jornalista disse que não
gostaria de ser tratada por pessoas “descabeladas, de chinelos e sem
lavar a cara”; segundo ela, o médico deveria ter “cara de médico” e “se impor pela aparência”.
Quem assina a ação é a presidente do Sindicato das Empregadas e
Trabalhadores Domésticos (Sindidoméstica) da Grande São Paulo, Eliana
Gomes de Menezes, que diz representar “todas as empregadas domésticas do
Brasil, haja visto ter sido empregada doméstica e faxineira,
conhecedora de todos os rótulos e preconceitos contra esta classe
trabalhadora”. Segundo ela, “Micheline Borges menospreza a
potencialidade das médicas cubanas e trata com desprezo e discriminação
as nossas empregadas domésticas”.
O valor da indenização requerida é de 27 mil reais. O processo foi
distribuído na 1ª Vara do Juizado Especial Cível de Vergueiro, na
capital paulista.
A ação tem a assessoria jurídica da Federação das Empregadas e
Trabalhadores Domésticos do Estado de São Paulo, da qual o sindicato é
afiliado. No documento, a dirigente cita um artigo do jurista Luiz
Flávio Gomes, segundo quem “a declaração foi feita com base na ‘cara’
das médicas, caras negras ou pardas escuras, caras essas que os arianos
(como Hitler) discriminam como feias ou malvadas”.
“A Federação das Empregadas e Trabalhadores Domésticos do Estado de São
Paulo e sindicatos filiados não admitem que preconceitos,
discriminações, descasos, maus tratos, injustiças, continuem tão
arraigadas na mentalidade dos cidadãos brasileiros”, escreveu. “É
imprescindível absorver as mudanças e notar que o Brasil não é feito de
brancos, negros, amarelos, vermelhos, mas sim, da miscigenação de todos
esses povos. O país desenvolveu em tantos aspectos desde seu
descobrimento, mas a sociedade não conseguiu acompanhar esses avanços.”
Segundo Camila Ferrari, assistente jurídica da federação, ainda não foi
definido se a jornalista será ouvida em São Paulo ou se o processo será
encaminhado para o Rio Grande do Norte, onde foi postada a ofensa.
A repercussão do comentário levou a jornalista a excluir o seu perfil
das redes sociais e a se desculpar. “Foi um comentário infeliz, foi mal
interpretado, era para ser uma brincadeira, por isso peço desculpa para
as empregadas domésticas”, escreveu Micheline.
*Saraiva
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